Por Alexandre Igrecias*

Estamos vivendo um momento político conturbado. Ameaças à democracia são feitas à luz do dia: ataques à liberdade de imprensa e às instituições, projetos de perseguição política e ideológica nas escolas,  propostas legislativas de desmonte de nossa carreira, previdência e fim da estabilidade são acompanhadas um forte discurso antissindical e de perseguição às lutadoras e lutadores por uma sociedade igualitária e livre de opressões. Olhar para essa conjuntura difícil e conturbada pode causar desespero mas, conhecer a história do SINTET-UFU pode ajudar em nossos enfrentamentos, pois nosso sindicato foi criado em uma conjuntura ainda mais fechada.

As mobilizações que deram origem ao SINTET-UFU começam nos anos 1980, no final do regime militar e sob forte clima de repressão e ameaças. A criação da Comissão de Defesa do Servidor  visava organizar coletivamente as trabalhadoras e trabalhadores da UFU por melhores condições de trabalho e tratamento digno. Para evitar retaliações a comissão organizava suas reuniões sigilosamente em uma sala cedida pela Paróquia Nossa Senhora de Aparecida. A categoria resistia e demonstrava sua disposição para luta em grandes assembleias e passeatas com apoio de outros sindicatos e movimentos sociais da região.

Em 1987 foi houve uma forte greve pela criação de um plano de cargos e salários. Mesmo com a determinação de corte de ponto, as trabalhadoras e trabalhadores não recuaram e as assembleias contavam com grande adesão. Diversas passeatas por democracia na UFU foram organizadas com os demais segmentos da universidade e da sociedade, percorrendo as ruas do centro de Uberlândia.

A Comissão de Defesa do Servidor não era um instrumento suficiente para dar conta dos desafios da categoria. Então o movimento técnico-administrativo deu um passo adiante em sua organização participando da disputa pela direção da ASUFUB, que era a associação recreativa dos servidores (docentes e técnicos) atrelada à administração da universidade. Com a vitória do movimento na eleição, foi criado o departamento sindical da ASUFUB, que proporcionava um respaldo institucional ao movimento e estrutura de arrecadação para financiar as lutas.

O passo seguinte era criar o sindicato. A conquista da ASUFUB foi um passo importante, mas não tinha como finalidade a organização das lutas. Partindo da experiência do Departamento Sindical da ASUFUB, em 22 de novembro de 1990 foi criado o Sindicato Regional dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau de Uberaba e Uberlândia, abarcando a UFU e a Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro (FMTM), que posteriormente se tornou a UFTM.  Lilian Machado de Sá e Paulo Henrique Rodrigues dos Santos foram respectivamente a primeira presidente e o primeiro vice do sindicato que se organizava regionalmente.

No Congresso de 1994, devido às dificuldades de organização entre as duas cidades, o sindicato desvinculou-se da seção regional de Uberaba, passando à nomenclatura atual: Sindicato dos Trabalhadores Técnico – Administrativos em Instituições Federais de Ensino Superior de Uberlândia (SINTET-UFU).

O SINTET-UFU participou ativamente das lutas pela autonomia universitária e em defesa intransigente de uma universidade pública democrática e aberta à sociedade. Nosso sindicato atuou com protagonismo na construção da FASUBRA, na formulação e conquista de nossa carreira (PCCTAE), que permite às técnicas e técnicos-administrativos em educação fazer ensino, pesquisa, extensão e gestão com contribuições fundamentais para a produção de conhecimento na sociedade.

Estamos enfrentando um momento difícil de desmonte do estado e de nossos direitos. Já passamos por isso antes e estaremos preparados para as batalhas que virão. O sindicato é a ferramenta de lutas das trabalhadoras e trabalhadores da UFU e só constituiu esta bonita história com as mãos de cada um e cada uma que deram seu esforço e seu suor por ela. Vida longa ao SINTET-UFU!

*Alexandre Igrecias é assessor de política sindical do SINTET-UFU.

22 de novembro de 2018