Análise de conjuntura: o serviço público e os desafios no governo Bolsonaro

(Imagem: Guilherme Gonçalves)

Por Guilherme Gonçalves

Foi realizada na tarde dessa quarta-feira, 19, uma mesa de conjuntura para discutir os desafios do serviço público no governo Bolsonaro. O evento aconteceu no anfiteatro B do bloco 5O, campus Santa Mônica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). A mesa foi coordenada por Elizete Mendes Rosa, com a debatedora Lorrayne da Silva Brito, técnica-administrativa em educação da UFU e coordenadora de Políticas Sociais Antirracismo do SINTET-UFU, e o debatedor Benerval Pinheiro Santos, professor da Faculdade de Educação (FACED) e presidente da Associação dos Docentes da UFU (ADUFU).

A partir do plano de governo e recentes declarações e ações do presidente eleito, Jair Bolsonaro, a debatedora apresentou alguns riscos que um governo de extrema direita pode trazer. “O primeiro ponto de combate é o preconceito, pois está claro todo o preconceito que virá de um governo misógino, racista e machista”, disse Brito.

E não é só no governo federal que esse preconceito está evidenciado. Em outros setores da sociedade esse tipo de posicionamento está claro. “Pra se ter uma ideia do tamanho do machismo, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), formulou no hospital da Universidade Federal de Sergipe uma cartilha que explicava para as servidoras como elas deveriam se vestir e se comportar no ambiente de trabalho”, completou.

A debatedora apontou ainda o receio com o ganho de força do militarismo nas bases do governo. “Muitos ministros nomeados por Bolsonaro são ou foram militares e o conservadorismo e a intolerância devem crescer, então é preciso nos unir e lutar contra esse tipo de força que só traz retrocesso para a sociedade”, finalizou Lorrayne.

(Imagem: Guilherme Gonçalves)

Em seguida foi a vez de Benerval Pinheiro Santos fazer sua análise de conjuntura e apontou que a eleição da extrema direita, na figura de Jair Bolsonaro, foi continuidade do golpe aplicado no Brasil desde 2016. “O governo que assumirá em 2019 é a continuação do golpe parlamentar de 2016 que culminou no impeachment de Dilma Roussef. A direita não permitiria que a esquerda assumisse a presidência da república novamente após tudo o que foi feito para retirá-la do poder”, disse o docente.

Santos apresentou ainda a visão da direita, principalmente, no que se refere ao setor público. “Na visão da extrema direita brasileira os serviços públicos são gastos e não investimentos na saúde, educação e bem estar social. A Alemanha após a segunda guerra mundial investiu no serviço público e se transformou em uma das potências mundiais. A Coreia do Sul, por exemplo, décadas atrás tinha os piores índices de educação do planeta, mas o investimento na educação pública, entre outras políticas, a transformaram em uma das melhores economias do mundo” pontuou o dirigente sindical.

O presidente da ADUFU concluiu seu pensamento pedindo a união da classe trabalhadora no futuro que promete ser desafiador para todas e todos. “São vários nossos desafios. Não podemos desistir da luta. E precisamos resistir ao fascismo latente que assumiu o poder em nosso país. É preciso união, nossas diferenças ideológicas devem ficar de lado e lutar pelo bem comum”, completou.

Após as análises feitas pela convidada e pelo convidado, o público presente também pôde apresentar sua análise de conjuntura. Foram levantados diversos temas que poderão afetar o serviço público brasileiro.

20 de dezembro de 2018