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Continência para a privatização

Por Coordenação Colegiada

O ano de 2018 foi, com certeza, marcante para as servidoras e para os servidores do Hospital de Clínicas de Uberlândia (HC-UFU). Além de diversas preocupações e ataques, como corte de insalubridade, relatos de assédio e grande adoecimento dos servidores foi arquitetada a privatização e a deterioração das relações de trabalho no hospital. Dado que a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) aprovou em seu conselho universitário a contratação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) para administrar o complexo hospitalar.

Após a votação, em caráter autocrático e ilegal (desrespeitando todos ritos regimentais da UFU) e constatada situação as relações de trabalho dentro do HC-UFU, que já conta diversos vínculos funcionais, se intensificou em tensão e apreensão. O não esclarecimento acerca da demissão e dos direitos trabalhistas dos funcionários FAEPU, a cessão de servidores à empresa sem consulta prévia e a possibilidade de chegada de novas chefias sem conhecimento da realidade do hospital são preocupações rotineiras na nova conjuntura.

Ao passo que a Administração Superior já não cumpre seu compromisso com a flexibilização da jornada de trabalho, ela ainda participa de espaços da EBSERH como grande aliada, ainda que a empresa tenha ignorado ofícios do reitor acerca do Plano de Transição e Metas publicado na página oficial da organização.

No último dia 31, quinta-feira, o mesmo dia que o Magnífico Reitor deveria responder a categoria sobre a implantação da flexibilização da jornada de trabalho, o Prof. Dr. Valder Steffen Júnior estava em Brasília para a posse do General da Reserva Oswaldo de Jesus Ferreira como presidente da EBSERH. O Ministério da Educação (MEC) e os órgãos a ele ligados parecem a reunião de um batalhão do exército. Batida a continência para a nova diretoria da EBSERH, que não conta com nenhum profissional formado na área da saúde, o reitor da UFU ainda destaca a competência técnica da equipe.

Vale lembrar que a EBSERH já é apontada como uma das empresas principais a serem privatizadas pelo novo governo, para além de ataques claros aos direitos trabalhistas e à aposentadoria. A pergunta central, então, seria qual tipo de qualidade técnica o Magnífico Reitor elogia? Com certeza, não é a de preservação da autonomia universitária e de relações de trabalhos dignas e que defendam os Hospitais Universitários (Hus) e o Sistema Único de Saúde.

Mas a nova conjuntura aponta para fatos, tristes e contraditórios, como este, onde a democracia universitária e sua autonomia são cotidianamente atacadas. Na UFU já aconteceram eventos para festejar a presença de Médici e outros tantos atores da ditadura militar. Logo, nada melhor que resgatar a história e ao invés de resistir e defender a universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada, se faz o mais fácil e confortável, bater continência. Afinal, quem não sente confiança ao lado de um “excelente” e “técnico” General?

4 de fevereiro de 2019