Home » Notícias » Mundo »

O que você tem a perder com a reforma da previdência?

Por Guilherme Gonçalves

O SINTET-UFU realizou na tarde dessa terça-feira, 12, o seminário sobre a reforma da previdência – o que você tem a perder? O evento aconteceu no anfiteatro da biblioteca do campus Santa Mônica. Os palestrantes foram Robson Luiz Carneiro, técnico-administrativo da UFU e Jaciara Boldrini, advogada e técnica-administrativa da UFU  com Mário Guimarães Júnior como intermediador.

Carneiro foi o primeiro a falar e expôs as mentiras contadas pelo governo federal para justificar o déficit da previdência, que em sua pesquisa foi constatado que não existe. “O argumento do governo é que há um déficit na previdência social, porém, todos os pesquisadores que consultei apontam que isso é uma falácia. O governo faz questão de esconder de onde vem os recursos da previdência, que são COFINS, PIS, impostos sobre exportações, loteria, a contribuição do trabalhador, entre outros. Com toda essa arrecadação a previdência não tem prejuízo.”

O palestrante apontou ainda o destino de boa parte do dinheiro, que poderia, inclusive, estar sendo utilizado na Previdência Social. “Muitos recursos oriundos da classe trabalhadora servem para pagar juros da dívida pública e sustentar o mercado financeiro brasileiro. Além disso, o governo federal aponta a crise financeira, mas esconde que tal crise é resultado das políticas econômicas do próprio governo federal”, completou.

Em seguida, foi a vez de Jaciara Boldrini mostrar os impactos da reforma da previdência, principalmente em relação as mulheres. “Pesquisas mostram que a mulher trabalha em média 50 minutos a mais em cada dia, ou 39 dias a mais que o homem em um ano. E o primeiro impacto está no tempo de contribuição, que hoje está em 30 anos e passará a não existir. Por idade, a mulher pode aposentar aos 60 anos, tendo no mínimo, 15 anos de contribuição. A reforma aumentará a idade para 62 anos, com no mínimo 25 anos de contribuição”, disse a palestrante.

As mulheres também serão atacadas pela reforma através das aposentadorias especiais, aumentando o tempo de contribuição e diminuindo a qualidade de vida. “Aposentadorias especiais de magistério e insalubridade também serão alteradas e as profissionais dessas áreas precisarão contribuir por mais tempo para conseguir se aposentar. Precisando se manter em ambientes estressantes e insalubres por períodos maiores”, afirmou.

Para a palestrante, a reforma é extremamente maldosa e ainda reserva pontos cruéis. “O maior ataque está na aposentadoria por invalidez, que passará a ser apenas por problemas de saúde ligados diretamente ao trabalho. Se o problema não estiver diretamente relacionado ao trabalho, como por exemplo, um Acidente Vascular Cerebral (AVC), a aposentadoria será por sistema de pontuação se iniciando com 50%. Ou seja, a pessoa poderá ficar impossibilitada de trabalhar e ainda perderá metade de seus vencimentos”, apontou.

Encerrando a sua apresentação, a advogada aponta o quanto a reforma é perversa para o sexo feminino. “A reforma da previdência desconsidera ainda as diferenças entre homens e mulheres, uma vez que as mulheres possuem carga de trabalho muito maior, pois serviços domésticos, em sua grande maioria ficam a cargo delas”, finalizou.

O público presente pôde fazer perguntas aos palestrantes. Foi feito também o convite para que todas e todos participassem da Plenária Sindical e Popular que aconteceu em seguida e traçou estratégias de luta para o enfrentamento da classe trabalhadora contra a reforma da previdência.

13 de março de 2019