Bloqueio orçamentário do MEC e o programa “FUTURE-SE”

Por Raissa Dantas

 

Na última terça-feira (27/08) a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) vivenciou um momento histórico com a presença de centenas de pessoas que se reuniram para debater o futuro da universidade pública frente à conjuntura nacional para educação. O auditório e o saguão do bloco 3Q, campus Santa Mônica da UFU, ficaram abarrotados de técnicos-administrativos em educação (TAEs), discentes, docentes e população uberlandense que se encontraram no debate sobre os cortes de verbas para educação e o desastroso projeto “FUTURE-SE”.

Além do auditório do 3Q, o saguão do bloco esteve lotado com pessoas que acompanharam a audiência por transmissão em um telão | Foto: Raissa Dantas

 

A mesa foi composta pelo Reitor da UFU, por representações sindicais e estudantil, incluindo o SINTET-UFU, bem como membros da Administração Superior da UFU, Ministério Público Federal e representação da Câmara de Vereadores da cidade de Uberlândia. Antes do início das falas da mesa, o microfone foi aberto para que o Instituto de Ciências Sociais, a Faculdade de Educação e o Instituto de Economia trouxessem exposições e posicionamentos oficiais da unidades sobre o “FUTURE-SE”.

Valder Steffen Júnior apresentou em sua fala um panorama sobre a situação orçamentária da instituição. O Reitor da UFU afirmou que “é difícil falar do futuro quando o presente é incerto” e apresentou dados de que, se nada for modificado com relação à política de cortes do MEC, a instituição iniciará o ano de 2020 com uma dívida na cifra dos R$30 milhões de reais. A UFU, que já sofre com um contingenciamento de mais de R$ 40 milhões, suspendeu diversas atividades e programas importantes à vida acadêmica, a saber:

  • Redução em 50% da quantidade de postos de trabalho nos contratos de mão de obra;
  • Suspensão temporária de contratos de prestação de serviços por demanda tais como: serralheria, pintura, forros e dry wall, pisos, vidraçaria, persianas, divisórias, vidros, chaveiros e outros;
  • Interrupção do serviço de transporte “Intercampi” intermunicipal;
  • Redução do serviço de transporte “Intercampi” entre campus da mesma cidade, em 70% em relação ao serviço oferecido atualmente;
  • Suspensão de viagens de ônibus/carros a destinos cuja distância de Uberlândia seja superior a 500 Km;
  • Suspensão imediata do pagamento de subsídio do quilômetro rodado por parte da Proplad;
  • Suspensão temporária de 100% (cem por cento) do contrato de lanches;
  • Redução do quadro de estagiários em 60% (sessenta por cento) do quadro hoje existente;
  • Suspensão temporária da implementação do “Programa Bolsas de Graduação – PBG” com início originalmente previsto para setembro 2019; e
  • Suspensão do pagamento de bolsas de iniciação científica relativas a contrapartida da UFU para com a Fapemig a partir de setembro de 2019.

Representantes sindicais e estudantis da UFU marcaram presença na audiência pública | Foto: Raissa Dantas

 

Mário Guimarães Júnior, coordenador geral do SINTET-UFU, levou ao público os acúmulos do sindicato com relação às políticas de austeridade e precarização aplicadas pelo governo federal, que trazem e trarão consequências como o aumento da evasão universitária, aumento das doenças psicoemocionais de trabalhadores e estudantes, piora das condições de trabalho, instabilidade para as carreiras trabalhista e aumento no desemprego para todas as cidade que têm campi da UFU. Mário Júnior apresentou a proposta de que a Administração Superior da UFU convoque, ainda em setembro, um Conselho Universitário pautado na avaliação do “FUTURE-SE” e salientou que espera que, enquanto comunidade UFU, “não tenhamos medo de dizer ‘não’ ao ‘FUTURE-SE'” e, ainda, apresentou com ênfase a necessidade de se avaliar medidas para que o contingenciamento de verbas afete o mínimo possível a comunidade universitária.

Confira a fala do coordenador geral do SINTET-UFU, Mário Guimarães Júnior, na íntegra:

 

A Administração Superior da UFU, na figura do Pró-reitor de Extensão e Cultura, Hélder Eterno, apresentou diversos problemas objetivos e sintomáticos que o programa “FUTURE-SE” poderá trazer para a realidade da UFU e de outras Instituições Federais de Ensino. Dentre os pontos mais preocupantes, foram destacados:

Parte da apresentação levada à audiência sobre preocupação com relação ao “FUTURE-SE” | Foto: Raissa Dantas

 

A fragilidade do projeto somada ao modelo precarizante para o ensino, só reforçam a posição do SINTET-UFU em se opor frontalmente ao programa e às políticas destrutivas do governo federal. A audiência pública dessa terça (27) teve caráter consultivo, então o sindicato reafirma a solicitação de convocação de um Consun extraordinário, com caráter de urgência, para apreciar e deliberar sobre o “FUTURE-SE”.

 

A audiência foi transmitida ao vivo pela TV Universitária e nas redes sociais da UFU e pode ser conferida abaixo:

 

30 de agosto de 2019