PERSONALIDADE DO MÊS DE JULHO

 

Tereza de Benguela foi uma grande e inspiradora líder do Quilombo Quariterê, que ficava localizado no Mato Grosso. Uma liderança feminina, democrática, coletiva: matriarcal!
O trabalho de Tereza teve início ao lado do seu companheiro, José Piolho, e, depois da morte dele, assumiu o papel de guia do Quilombo, que agrupou e protegeu negros e indígenas por décadas.
O Quilombo Quariterê foi mais um espaço de resistência e auto-organização do povo negro, e se destacou pela atuação de Tereza, que instituiu uma espécie de parlamento, foi uma grande estrategista de defesa daquele recanto e estabeleceu diversas formas de negociação com os moradores e moradoras das adjacências do Quilombo, realizando trocas e venda de excedentes da produção.
Ali, armas e algemas eram tomadas de invasores (que não conseguiam transpor as barreiras arquitetadas para impedi-los) e transformados em panelas e utensílios para nutrir e proteger os quilombolas.
Durante uma corrida pelo Ouro na região, Tereza de Benguela foi responsável por acolher muitos negros, negras e pessoas indígenas que viviam escravizados pelos brancos que exploravam sua força de trabalho.
Em 2014, foi incorporado ao Calendário Oficial Brasileiro o dia 25 de julho como o dia da Mulher Negra e dia Nacional de Tereza de Benguela, esta mulher que, como cantou a Viradouro em 1994, podemos chamar de Uma Rainha Negra No Pantanal. Tereza de Benguela representa a resistência e a força contida na história do povo negro, representa tantas mulheres negras que nos dias de hoje assumem a liderança do lar para cuidar de seus filhos e filhas. Rememora tantas heroínas negras apagadas pelos livros de história, enaltece Dandara de Palmares, Aqualtune, Luísa Mahin, mulheres cuja trajetória garantiram os direitos que o povo negro conquistou e inspiram as lutas de hoje.
Texto por Karla Muniz

30 de julho de 2020