NOTA: O que há por trás do ponto facultativo de corpus christi no HC UFU

 

No início da tarde do dia 02/06, o conjunto de trabalhadores do HC UFU (RJUs, Faepu, Ebserh e terceirizados) recebeu a comunicação, por parte da direção do hospital, que foi deliberado ponto facultativo para o próximo dia 04/06. O texto veiculado pelos dirigentes do hospital afirma que “os trabalhadores dos serviços essenciais escalados nos dias considerados ponto facultativo não terão direito a folga em outro dia ou qualquer tipo de benefício…”. 

Se outrora era assegurada folga para quem exercesse suas atividades em dias de recesso, agora tal direito foi abruptamente retirado. Tal fato não ocorre sem motivos: é notória a intenção da Ebserh de intensificação do trabalho e retirada de direitos dos trabalhadores dos hospitais universitários brasileiros. Em nossas articulações e trocas com trabalhadores de outros HUs do país é unânime o relato de intensificação e precarização do trabalho, o qual acarreta prejuízos para a saúde dos trabalhadores e precariza a qualidade dos serviços prestados. 

Durante o processo de aprovação da Ebserh para gerenciar o HC UFU vários dirigentes da universidade traziam em seus discursos que o advento da Ebserh sanaria a problemática de déficit de força de trabalho no hospital, bem como traria recursos e melhorias. Porém na prática o que verificamos é justamente o contrário. Cobram-se metas, porém não realizam as prometidas reposições. Celebram-se contratos que diminuem os salários daqueles trabalhadores que já são os mais precarizados dentro do hospital. Escolhem chefias através de processos sem transparência alguma e privilegiando-se comportamentos que as próprias Resoluções da UFU condenam e regulamentam como inapropriados no trato com trabalhadores e trabalhadoras.

O comunicado da direção referente ao corpus christi causou indignação e confusão entre os trabalhadores, já que não ficou transparente como seria a organização dos trabalhadores durante o recesso do dia 04/06, sendo o único trecho mais transparente justamente a afirmação sobre a ausência de direitos para quem trabalhar no referido dia. 

A coordenação colegiada do SINTET-UFU vem a público manifestar extremo descontentamento com o tratamento dispensado pela gestão Ebserh HC UFU aos trabalhadores do hospital, destacando ainda que, após mais de 15 meses de intenso trabalho em contexto da pandemia do Covid-19, muitas vezes sem os Epis e dimensionamentos adequados, somos surpreendidos com um ataque. O esperado reconhecimento aos trabalhadores da saúde infelizmente não se concretiza. 

Relembramos, porém, que enquanto trabalhadores da saúde, herdamos um histórico de intensa organização e luta. A construção do sistema único de saúde, público e universal, teve em sua definição a importante participação dos trabalhadores da saúde.  É preciso que avancemos em nossa organização e união, independente do vínculo de trabalho que temos no hospital, para fazer valer nossos direitos e os direitos daqueles que atendemos todos os dias, incessantemente. É preciso nos fortalecermos para combater assédios e enfrentar o cenário de precarização. 

Não queremos aplausos, queremos valorização.

 

Coordenação Colegiada

3 de junho de 2021