Fala SINTET-UFU | 01 de fevereiro de 2023

PROGRAMA FM UNIVERSITÁRIA – 01 de fevereiro de 2023

 

(Lorena) Olá, companheiras e companheiros ouvintes da Universitária FM, eu sou Lorena Martins e está no ar o FALA SINTET-UFU.

Num cenário de constante ataque aos direitos trabalhistas, desemprego e precarização do trabalho, percebe-se que as pessoas estão cada vez mais envoltas numa busca incessante por produtividade. O modo de produção neoliberal, que estimula esse comportamento competitivo, tem interferência direta na saúde mental da sociedade.

Nessa edição do FALA SINTET nós abordamos a relação entre o neoliberalismo e o sofrimento psíquico. Pra falar sobre o tema, eu convido Humberto Semensato, que é estudante de Psicologia na UFU, membro do Diretório Acadêmico e do Fórum de Saúde Mental de Uberlândia.

 

Humberto, seja bem-vindo.

 

(Humberto) Olá, você que está aí nos ouvindo, muito prazer meu nome é Humberto Samensato, sou estudante de psicologia e hoje eu vou falar um pouquinho sobre o neoliberalismo e sofrimento psíquico, que é um tema que fez parte da minha última pesquisa realizada com o apoio da FAPEMIG, então vamos lá né? Quando a gente vai falar de neoliberalismo é importante que a gente veja neoliberalismo não só com uma teoria política e econômica da sociedade né, conhecida ali pelo estado mínimo, o mínimo de intervenção na sociedade, a gente também deve pensar o neoliberalismo como uma espécie de engenharia social que vai buscar administrar as pessoas e as suas relações mas também administrar o sofrimento psíquico dessas pessoas como a gente vai ver. E quando a gente fala então de administrar as pessoas e as relações, a gente vai falar de administrar o modo de agir, o modo de ser que a gente também pode chamar de razão neoliberal, né? Que esse neoliberal de se viver que é pautado por regimes e de concorrência e de competitividade né? Então é uma intensa concorrência e competitividade que assola todos os âmbitos da vida. Seja a escola, dos estudantes, seja os trabalhadores, né, de qualquer tipo, seja dentro da família, qualquer âmbito social e até mesmo os âmbitos mais íntimos né? Mais intrapsíquicos, que é no caso de um sujeito que compete consigo mesmo, então essa competitividade ela faz com que o sujeito busque sempre estar se aprimorando, né? Sempre agindo sobre si, tentando melhorar alguma habilidade, melhorar estar melhor pra sociedade, pra poder oferecer mais. Já que todo mundo está nesse caminho, competindo. E aí a gente vai perceber que o fracasso, nesse sentido de um sujeito que não dá conta, ele é justamente o motor do neoliberalismo, que faz com que esse sujeito busque cada vez mais agir sobre si através de tratamentos alternativos, de medicamentos, de cursos, né? Que a gente vai ver ascensão dos coach vendendo estilos de vida impossíveis pra pessoas, então a gente percebe que o fracasso no neoliberalismo, ou seja, o sofrimento de não poder ser tudo isso, ele acaba sendo o o motor que move tudo isso. E na Clínica da Psicologia a gente vai perceber que isso se se reflete né? Em categorias como a depressão, o burnout, o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade que fazem com que o sujeito também busque se tratar, se medicar, pra retornar ali pra esse cenário produtivo né? Com perigo de sair desse cenário produtivo e aí que então também uma individualização do sofrimento, né, o sujeito ver seu fracasso e seu sofrimento como algo inerente a si mesmo e é culpa só desse sujeito, então ele busca o tratamento e a solução desse problema sobre si mesmo né? E num cenário que a gente vê né? Por exemplo, o cenário de direitos trabalhistas, de ataque aos direitos trabalhistas, né? Do desemprego, de pouco seguro empregatício ou então num cenário com trabalho muito precarizado, a gente pega esse sujeito que está no nascimento nesse cenário e ele vai se perceber ali sobre o risco ser substituído a qualquer momento. Então esse sujeito não pode sair de um cenário produtivo sobre o risco de ser excluído desse cenário de economia.

E pra finalizar minha fala, entendendo então esse cenário de individualização do conflito e de ataque às leis trabalhistas, aos direitos dos trabalhadores, o que a gente vai ver como alternativa pra tudo isso, esse movimento do neoliberalismo, vai ser justamente a luta coletiva dos movimentos sociais e principalmente dos sindicatos de trabalhadores, né? Que vão buscar enfrentar então os inúmeros ataques do neoliberalismo, favorecendo e fortalecendo os laços sociais. Muito obrigada a todo mundo e é isso.

(Lorena) E esse foi o FALA SINTET-UFU dessa semana! Você pode conferir mais informações em nosso site e em nossas redes sociais. Ótima semana a todas e todos e até o próximo programa!

 

31 de janeiro de 2023