Fala SINTET-UFU | 14 de junho de 2023 | A internet como instrumento de lutas

PROGRAMA FM UNIVERSITÁRIA – 14 de junho de 2023

(Raissa) Olá, companheiras e companheiros, aqui é Raissa Dantas e nesse Fala SINTET-UFU vamos conversar sobre a organização das lutas sociais por meio da internet. Sintonize suas lutas!

Bom, pra começar o programa de hoje, acho importante refletir sobre como os ativismos em rede podem impactar nas mobilizações sociais, se convertendo inclusive numa forma de organizar a própria militância. Após 10 anos da primeira manifestação das Jornadas de Junho, que como os movimentos Occupy e Primavera Árabe, foi organizada virtualmente e ocupou ruas de todo o país, podemos nos indagar sobre os avanços e retrocessos que tivemos no uso das redes sociais para a organização de lutas populares. Um bom exemplo do lastro material que as redes virtuais possibilitam foi a campanha, lançada no TikTok por jovens da chamada geração z, que culminou em 2 milhões de títulos de eleitor tirados em 2022 e numa participação massiva da juventude no último pleito eleitoral.

Pensando sobre isso e sobre outras potencialidades da internet como instrumento de lutas, convidamos Clara Sacco para comentar este episódio do Fala SINTET-UFU. Clara é comunicadora, produtora cultural, co-fundadora e coordenadora do data_labe, que é, nas próprias palavras, é um laboratório que promove a democratização do conhecimento por meio da geração, análise e divulgação de dados com foco em raça, gênero e território a partir do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. 

Seja bem-vinda ao Fala SINTET-UFU, Clara.

(Clara) Olá, boa tarde. Em primeiro lugar eu quero agradecer o convite de estar aqui no programa com vocês. Eu me chamo Clara Sacco. Sou natural de Uberlândia e vivi em Uberlândia até meus 19 anos e estou no Rio de Janeiro há aproximadamente 12 anos, que foi onde eu fundei uma organização de onde eu sou diretora, que é o data_labe, que fica baseada no Complexo da Maré, na cidade do Rio de Janeiro e a gente trabalha com segurança e direitos digitais, com geração cidadã de dados e com pesquisa e comunicação a partir dos recortes de raça, de gênero e de territórios né? Os territórios de favela, territórios de periferia.

A gente tem o entendimento, no data_labe, da internet como um espaço fundamental da militância, da comunicação ativista, digamos assim né? Contemporânea. Porque hoje a internet nos possibilita furar bolhas, né? Ela faz com que a gente não dependa dos meios de comunicação tradicionais pra mobilizar as pessoas, alavancar e pra cravar as nossas pautas, né? Pra conversar com outros grupos, independentemente da distância, a experimentar linguagem e estética na política, valores também fundamentais, né?

Enfim, então a internet hoje é um campo fundamental de disputa, pensando que comunicação e políticas nunca estão dissociadas, né? Então pensar comunicação e mobilização de pessoas por meio da internet é fundamental. Agora, a gente não pode esquecer nesse contexto, em primeiro lugar uma enorme desigualdade de acesso no nosso país. E aí quando eu digo sobre acesso, não é só o acesso à tecnologia, ao Wi-Fi ou ao dispositivo, mas também acesso enquanto repertório que as pessoas tem, né? E referências de como utilizar a internet, de como absorver, de como consumir o que vem da rede. Né? E principalmente quando a gente está falando das redes sociais, é a importância que tem da gente não esquecer de que elas são geridas por grandes corporações da tecnologia, o que a gente chama hoje de Big Techs, né? E que são corporações que estão envolvidas em decisões políticas globais né?

Então a grande matemática que a gente tenta fazer hoje, né: como que a gente ocupa esses espaços? Se utiliza das ferramentas disponibilizadas através das redes sociais pra conversar com as pessoas, pra furar essas bolhas e, ao mesmo tempo, como que a gente não deixa de lutar por uma internet digna, igualitária, por uma acessibilidade digital, entendendo que essa é uma pauta muito importante pro progressista hoje, que deve cada vez mais ser uma pauta de todos e todas, né? Representantes aí dos movimentos sociais, das organizações, enfim, que a gente não pode deixar de entender como que os rumos da internet também tão definindo os rumos da nossa sociedade, da nossa vida, né?

Então fica aí também um apelo pra todo mundo ficar de olho aí na PL2630 que diz respeito a vida de todas, de todos, de todos e também dos rumos do nosso país. Está bem? Um abraço.

(Raissa) Nós agradecemos muito sua participação, Clara.

E esse foi o FALA SINTET-UFU dessa semana! Você pode conferir mais informações em nosso site e em nossas redes sociais. Ótima semana a todas e todos e até o próximo programa!

13 de junho de 2023