Fala SINTET-UFU | 07 de setembro de 2023 | Pátria pra quem?

PROGRAMA FM UNIVERSITÁRIA – 7 de setembro de 2023

 

(Lorena) Olá, companheiras e companheiros, aqui é Lorena Martins e nesse Fala SINTET-UFU a gente conversa sobre a pátria. Pátria pra quem?

No dia 7 de setembro, a gente comemora a independência do Brasil. Nesta data, acontece anualmente o Grito dos Excluídos e Excluídas, um ato realizado em todo o país, representando um contraponto ao grito da independência, e simbolizando o grito daquelas e daqueles que são silenciados pela sociedade. Em 2023 o Grito dos Excluídos está em sua vigésima nona edição e tem como tema “você tem fome e sede de quê?”. Aqui em Uberlândia o ato acontece a partir das 9 horas da manhã desta quinta-feira, dia 7, na praça Nossa Senhora Aparecida.

Pra conversar com a gente sobre essa temática, eu convido o Alexandre Igrecias, que é historiador e assessor político do SINTET-UFU. 

Seja bem-vindo, Alê.

 

(Alê) Olá ouvinte Universidade FM, eu tô aqui pra conversar sobre o 7 de setembro e o grito dos excluídos, por quê? Porque no dia de amanhã o Brasil completa 201 anos dessa independência, mas o que que é essa independência quer dizer pra gente? Pro povo, pros movimentos sociais, pra classes trabalhadora, diante essa questão é há muitos anos é é organizado pelos movimentos sociais o grito dos excluídos e das excluídas pra marcar que por mais de trezentos anos o Brasil foi uma colônia de Portugal e que essa colonização deixou marcas profundas junto com o escravismo essas duas situações de ser colônia e do colonial são estruturantes pra situação que o país se encontra hoje. Eh e que durante a nossa história milhões de indígenas foram exterminados e milhões de pessoas foram sequestradas, colocadas em navios e trazidas pra serem escravizadas aqui nessas terras que a gente pisa hoje que a gente chama de país. Em mil oitocentos e a coroa portuguesa fugindo da invasão pelo exército de Napoleão, ela transferiu pra cá, pro Brasil, a sua sede. E o Brasil, em vez de ser só uma mera colônia, passou a ser um reino a Portugal. E isso ampliou demais as contradições e as tensões. Pela primeira vez a elite explora tá aqui no mesmo território da Colônia, dividindo o mesmo espaço, isso amplia as contradições, porque todo luxo da da colônia portuguesa é trazido pra cá, é que ainda que existisse uma colônia abastada, ela não vivia no mesmo nível de de luxo, afinal a gente era uma colônia periférica. Enquanto parte dos países vizinhos nossos viveu guerras e conflitos violentos pra garantir a sua independência das metrópoles europeias o o rompimento aqui com Portugal ele foi feito sem uma ruptura com essa elite colonial ela foi proclamada pelo príncipe numa tentativa de conter revoltas porque existiam várias revoltas em diversas localidades do Brasil contra o sistema colonial. Eh e aí a gente tem uma série de mitos fantasiosos que cercam esse imaginário do do momento da independência, né? Que o Dom Pedro ele estaria no alto de um cavalo branco, nas margens do rio Ipiranga, que ele tirou sua sua espada da bainha momento sublime e teria dado o grito da da independência. Isso é o que representa os desfiles militares aqui no Sete de Setembro. Reafirmar esses mitos fundadores construído por uma elite pra esconder o que que de fato foi essa independência. Que não teve cavalo branco, que não teve um momento sublime. Lá a indepe ela foi a manutenção da elite colonial após o retorno da coroa pra Portugal levava embora esses esses poucos privilégios desses anos aí da da coroa aqui no nos trópicos. Então ele eh sobretudo diz respeito a manutenção do sistema de exploração escravista. Eh com o maior lucro das elites aqui coloniais. Então o que que a gente hoje está no dia de amanhã está denunciando? Que o genocídio indígena, o cativeiro da população negra, junto com a lei de terras de mil oitocentos e cinquenta que proibiu o acesso da população às terras pra plantar, produzir, poder sobreviver, a perseguição dos marginais como por exemplo a lei de vadiagem e outras formas de de impedir que as pessoas possam morar, por exemplo, nas periferias, nos diversos despejos que a população é, sofre. Então, a manutenção de uma elite subordinada, independente do capital internacional, mostra que é necessário a gente pensar uma nova independência. E amanhã esse povo que por séculos foi silenciado no campo, na cidade, nas florestas, nas periferias urbanas de todo o Brasil, vão às ruas no grito dos excluídos e aqui em Uberlândia vai ser às nove horas da manhã na Praça Nossa Senhora Aparecida e eu convido a cada um e cada uma dos ouvintes a estarem lá presentes nesse grito por uma nova independência.

 

(Lorena) Alê, muito obrigada pela participação. Esse foi o FALA SINTET-UFU dessa semana! Você pode conferir mais informações em nosso site e em nossas redes sociais. Ótima semana a todas e todos e até o próximo programa!

5 de setembro de 2023