Fala SINTET-UFU | 28 de fevereiro de 2024 | 8M e o Feminismo Negro

PROGRAMA FM UNIVERSITÁRIA – 28  de fevereiro de 2024

(Raissa) Olá, companheiras e companheiros, aqui é Raissa Dantas e nesse Fala SINTET-UFU a gente conversa sobre o 8 de março e o feminismo negro. Sintonize suas lutas. 

À medida que o Dia Internacional da Mulher se aproxima, é muito importante ter em mente o tipo de celebração que se deseja pra essa data. Não apenas rememorar as conquistas das mulheres, mas também refletir sobre as lutas contínuas que a gente ainda enfrenta. E, nesse sentido, pensar sobre a luta das mulheres negras é fundamental pra gente tentar aprofundar o debate das opressões, inclusive dentro do próprio feminismo. 

Vertente desse movimento, o feminismo negro emerge com muita potência pra desafiar as normas opressivas, destacando as interseccionalidades das experiências das múltiplas mulheres dentro da sociedade.

Nessa semana convidamos Lisneide Santos Costa pra conversar com a gente sobre Feminismo Negro. Lis é pesquisadora do NEAB UFU, graduanda em Direito pela mesma universidade, membra do Centro de Justiça Restaurativa vinculado à Justiça Federal em Minas Gerais e trabalhadora SINTET-UFU.

Seja bem-vinda, Lis

(Lis)  Olá, bom dia, boa tarde, boa noite. Meu nome é Lisneide Costa, sou estudante de Direito, pesquisadora em Direito Anti-discriminatório e trabalhadora SINTET-UFU.

Ao recorremos à história, veremos que é a partir dos anos 70 que as organizações de mulheres negras ganharam força no Brasil, reivindicando duplamente o movimento negro e o feminismo. A partir desse período, os movimentos de mulheres negras explicitavam a diferença entre as formas das mulheres e homens negros sentirem a discriminação racial, assim como a forma das mulheres brancas vivenciarem a discriminação de gênero. Esse movimento denunciava por um lado posturas machistas na militância negra e por outro as desigualdades e o racismo presente no movimento das mulheres. Sejam em partidos políticos, na academia, ou em coletivos de mulheres, já apontávamos a necessidade não só do feminismo: fim do racismo, como também do sexismo e da exploração capitalista, para garantir a vida das mulheres negras.

Intelectuais como Luisa Bairros, Beatriz Nascimento, Lélia Gonzalez, Elie Carneiro e Jurema Werneck, entre tantas outras, são participantes fundamentais no desenvolvimento do feminismo negro no Brasil. Essas mulheres, nos anos 80 e 90, provocaram confrontos e contribuíram intensamente pro debate e a visualização das desigualdades sofridas pelas mulheres negras e são a prova de que o feminismo negro não é um puxadinho do feminismo branco. Ao contrário, ele se originou no reconhecimento crescente da necessidade da análise de gênero dentro dos projetos ativistas negros. Não seria possível libertar as mulheres negras sem levar tanto raça quanto gênero em conta, ou mesmo seria possível. Para o feminismo pensar o fim das desigualdades sociais na sociedade sem o feminismo negro. E por que precisamos dar protagonismo às lutas históricas das mulheres negras que combatem diariamente o racismo, o sexismo, a lesbofobia e a transfobia, além de incluir nas discussões a feminização da pobreza, o avanço dos direitos reprodutivos e a intolerância religiosa? Porque quando pensamos no simbólico 8 de março, dia internacional das mulheres, entendemos que não existe um feminismo possível sem a compreensão dessas perspectivas. Nossas lutas são muitas e não são de hoje. Mesmo após décadas de seu nascimento, o feminismo negro continua a mostrar sua importância para o feminismo. Pois ao longo da história, construímos a resistência contra o. O machismo e o racismo, e nos dias de hoje seguimos nos mesmos ideais e disposição que nossas ancestrais e griosos. Seguiremos nas ruas, nas favelas e nos espaços acadêmicos para defender nossas vidas e direito, e com profundo compromisso com a defesa de um novo marco civilizatório. Muito obrigada.

(Raissa) Esse foi o FALA SINTET-UFU dessa semana! Você pode conferir mais informações em nosso site e em nossas redes sociais. Ótima semana a todas e todos e até o próximo programa!



27 de fevereiro de 2024