SINTET-UFU realiza reunião com a UFU para dialogar sobre a construção da greve

Por Raissa Dantas

Na tarde dessa quinta-feira, 07 de março de 2024, o SINTET-UFU esteve numa reunião na Reitoria da UFU para tratar de assuntos de greve. O sindicato, ao lado de trabalhadores da UFU, dialogou com representações da  Gestão Superior, da Superintendência do Hospital de Clínicas (HC), do Hospital Odontológico (HO), do Hospital Veterinário (HV) e, ainda, das Bibliotecas da UFU.

Robson Carneiro, da Coordenação Geral do SINTET-UFU, abriu a reunião contextualizando todas e todos sobre a deflagração da greve e como esta vem sendo construída na UFU e nas outras entidades de base da Fasubra. O Coordenador apresentou a necessidade de utilização do instrumento de greve como última instância de tratativa com o Governo, que tem se mostrado intransigente e descompromissado com as reivindicações da categoria. Após isto, José Carlos Muniz, advogado do sindicato, fez contribuições sobre a importância da construção deste espaço de diálogo entre todas as pessoas e direções presentes, inclusive como cumprimento de uma das quatro funções do sindicato no ingresso de uma greve. O advogado reforçou a importância deste instrumento nas conquistas históricas da classe trabalhadora e como a comunicação entre instâncias, incluindo o futuro Comando Local de Greve, é fundamental para que a categoria saia exitosa do enfrentamento. “Greve forte é greve rápida”, lembrou José Carlos. Robson ainda informou aos presentes da expectativa do SINTET-UFU, que é da formação do Comando Local de greve a partir da segunda-feira (11), com início da greve na UFU a partir do dia 15. Ele esclareceu, ainda, que já no dia 11 ao menos 40 instituições de ensino superior terão greves iniciadas.

A reunião seguiu, então, para o debate acerca da importância de se compreender e se pactuar coletivamente o que são, de fato, os atendimentos de urgência sem os quais o cidadão ou cidadã sofrerá prejuízos permanentes em sua vida, como, por exemplo, situações relacionadas à saúde, como no Pronto-Socorro do HC, em cirurgias cardíacas, neurológicas, hemodiálise. Ou, ainda, ao pensar em situações relacionadas a documentos com prazos específicos, como obtenção de diplomas para posse em concursos ou empregos, envio de teses e dissertações para o repositório, emissão do nada consta, dentre outras.

Pela Gestão Superior da UFU, falaram sucessivamente os professores Clésio Xavier, chefe de gabinete do Reitor, além de Carlos Henrique Silva, Vice-Reitor da UFU. Primeiro, Clésio reforçou o histórico posicionamento democrático de diálogo da UFU para com o sindicato, valorizou a disposição pela troca de informações entre todos presentes e, ainda, refletiu sobre as mudanças que a universidade teve ao longo dos anos, como pelo trabalho remoto, por exemplo. Na sequência, Carlos Henrique, que é docente na faculdade de medicina da UFU, compartilhou preocupações sobre as circunstâncias sanitárias, o momento epidemiológico que Uberlândia tem vivido, além do esperado aumento das infecções respiratórias neste próximo período. O Vice-Reitor reforçou a importância de se estabelecer o que é serviço essencial para, em suas palavras, “reduzir danos” à população.

Posteriormente, representantes do Hospital Odontológico e Hospital Veterinário fizeram uso da palavra. Ambos destacaram o quanto os setores sofreram mudanças nos últimos anos, em especial relacionadas a convênios firmados com a Prefeitura Municipal de Uberlândia (PMU) e com o Sistema Único de Saúde (SUS), como é o caso do HO. Eles ainda frisaram que os perfis de público atendido nos Hospitais mudou muito, como no HO, que realiza atendimentos complexos para pessoas de fato necessitadas, ou no HV, que realiza atendimentos exclusivos de animais silvestres e selvagens em Uberlândia e faz mais da metade dos atendimentos de animais de pequeno porte com gratuidade, seja pelo convênio com a PMU, seja por beneficiários do Bolsa Família ou, ainda, sejam Organizações Não-Governamentais (ONGs) que atuam pela causa animal no município.

A diretora das Bibliotecas da UFU seguiu as inscrições e destacou a dinâmica do setor em greves e paralisações, que tem adesão de 87, dos 88 servidores técnico-administrativos em educação (TAEs) do departamento, sendo que a única que não adere é ela, que atualmente ocupa cargo de chefia. Além dos pontos relacionados ao repositório e emissão do nada consta, foi apontado que será preciso um debate conjunto entre o setor e o Comando Local de Greve para definir os funcionamentos do Portal de Periódicos, Devoluções e do Setor de Compras. A diretora ainda solicitou que o sindicato providencie cartazes e faixas com o máximo de antecedência para que o público das Bibliotecas seja informado.

Representantes da Superintendência do HC-UFU deram sequência nas falas e afirmaram a abertura para que as definições de diretrizes sejam tomadas em conjunto, em especial sobre o quantitativo durante a greve. Muito se refletiu sobre danos irreparáveis e o que são doenças tempo-dependentes, que refletem os perfis de saúde da ampla maioria das pessoas atendidas no HC-UFU, dada a característica do Hospital ser terciário, ou seja, apto ao atendimento de alta complexidade.

O sindicato, então, apresentou a proposta de que haja uma reunião entre a Superintendência do HC e o Comando Local de Greve em até 24h após o final da assembleia geral de 11/03, que definirá o início da greve, para que tudo seja definido de forma dialógica. Kênia Claudino, Coordenadora de Formação e Relações Sindicais e que trabalha no HC, destacou que é preciso que haja consciência entre ambos lados e relatou o histórico de descumprimento de acordos por parte da Superintendência do HC em paralisações prévias. A coordenadora reforçou a disposição das trabalhadoras e trabalhadores em greve em garantir os serviços essenciais, mas cobrou compromisso das demais instâncias representativas com relação às tomadas de decisão colegiadas. Trabalhadoras representantes do Laboratório de Análises Clínicas e do Centro Cirúrgico complementaram as colocações de Kênia e relataram um pouco das dinâmicas dos setores em dias regulares e em dias de paralisação. As trabalhadoras reivindicaram que a Gestão do HC seja responsável para com a população atendida, mas também com o quadro de trabalhadoras/es do Hospital.

A reunião chegou ao fim com o indicativo de que haja rodadas de conversa na próxima semana entre o Comando Local de Greve e cada um dos setores presentes. Acompanhe nosso site e redes sociais para saber tudo sobre a construção da Greve na UFU.

7 de março de 2024