Fala SINTET-UFU | 10 de abril de 2024 | 60 anos do golpe militar no Brasil

PROGRAMA FM UNIVERSITÁRIA – 10 de abril de 2024

(Raissa) Olá, companheiras e companheiros, aqui é Raissa Dantas e nesse Fala SINTET-UFU a gente conversa sobre a Ditadura Militar brasileira. Sintonize suas lutas. 

O mês de abril de 2024 representa um significativo, mas lamentável, marco histórico do Brasil. São 60 anos do golpe empresarial-civil-militar, que durou mais de 2 décadas e trouxe consequências enfrentadas até os dias atuais pela população do nosso país. 

O SINTET-UFU acredita na necessidade de manter viva a luta por memória, verdade, justiça e reparação, além do fim da anistia para golpista do passado e do presente. 

Sobre esse assunto, conversamos com Vilmar Martins Júnior nessa edição do Fala SINTET. Vilmar é técnico administrativo em educação lotado no Sistema de Bibliotecas da UFU, é historiador e mestre em artes visuais. Ele é pesquisador do tema da Ditadura Militar e realizador do documentário Delírios da Ordem, Fantasmas do Progresso, que fala sobre a ditadura na cidade de Uberlândia.

Seja bem vindo, Vilmar.

 

(Vilmar) Alô ouvintes do Fala Sintet, eu agradeço a oportunidade do convite pra falar sobre a ditadura brasileira e a necessidade de lutarmos contra o esquecimento do golpe civil militar de mil novecentos e sessenta e quatro que depois um presidente eleito com o pretexto combater a corrupção e o comunismo implantou o terror de estado desde o primeiro de abril de sessenta e quatro, perseguiu, torturou, matou, camponeses, estudantes, sindicalistas, jornalistas, artistas, entre tantas outras brasileiras e brasileiros, né? Que tiveram suas vidas prejudicadas pela ditadura. É importante ainda lembrar que a ditadura fez crescer a desigualdade no Brasil, arrochou os salários dos trabalhadores, multiplicou a dívida externa, favoreceu o latifúndio, a degradação ambiental, o genocídio dos povos indígenas e estruturou o funcionamento dos órgãos de repressão que hoje perseguem os pretos e pobres nas cidades do Brasil com seus esquadrões da Borges, sua chacina, suas milícias né? A própria Polícia Civil Militar é herdeira da ditadura. Sem contar os casos de corrupção, em larga escala durante o governo comandados pelos militares né? Que podemos citar os casos das empreiteiras que se beneficiaram daquelas obras faraônicas das empresas estatais em que militares se locupletavam com propinas e superfaturamentos onde se viu uma significativa escalada dos interesses empresariais sobre o estado brasileiro. Somente com o advento da constituição de oitenta e oito com a implantação de mecanismos de controle e investigação por parte da sociedade é que esses casos de corrupção da ditadura vieram à tona. Portanto é falso esse argumento de que não havia corrupção na ditadura militar. Porque o que não havia era a possibilidade de controlar, coibir, fiscalizar a corrupção nesse período. Muito se fala também até hoje, né? Que em cidades como Uberlândia da ditadura foi o progresso, o desenvolvimento trazidos pelo regime militar que teria sido o responsável pelo crescimento econômico da região. Porém, essa narrativa do progresso ela sempre traz consigo a memória daqueles que são considerados os grandes políticos e personalidades do município né? Como Virgílio Galácio e o Rondon Pacheco pra citar aí os mais famosos. Essas figuras até hoje são lembradas e homenageadas com nome de ruas e avenidas e praças, logradouros é um tipo de memória oficial que foi construída na cidade e que elege, escolhe os feitos a serem lembra dessas desses grandes homens, mas silencia sobre o fato, por exemplo, de que o Rondon Pacheco foi um civil que participou efetivamente da ditadura, né? Inclusive na elaboração da redação final do AI cinco, que foi o ato institucional que escancarou a ditadura militar, que institucionalizou a os sequestros, os assassinatos, o desaparecimento dos corpos das vítimas, né? O fim do pleno direito de defesa, o fechamento do Congresso Nacional, o endurecimento do regime que entrou aí na sua fase mais violenta graças a ajuda também desse ilustre eh Rondon Pacheco Ora, este discurso fala do né? Que fala do progresso trazido pela ditadura e seus articuladores, na verdade oculta violência e exploração a que a população foi submetida durante vinte e um anos. Então devemos sempre questionar quem serviu esse suposto progresso da ditadura, quem se beneficiou das grandes os grandes acordos com essas empresas internacionais, dessas empresas estatais, será que fomos nós os trabalhadores, trabalhadoras do setor público, do setor privado, o cidadão comum foi quem lucrou com esse tal progresso da ditadura, é por isso que nesse mês de abril em que o golpe completa sessenta anos somos chamados pela história a lembrar o que aconteceu nessa data a falar sobre os prejuízos e a tragédia que foi viver duas décadas sob o comando dos militares cujo lugar são os quarteis né? Para que os golpistas lá de mil novecentos e sessenta e quatro mas também os golpistas do oito de janeiro sejam responsabilizados e punidos pelo que fizeram. Nós não devemos silenciar sobre a ditadura. Pelo contrário é preciso evidenciar a ditadura como uma triste página da história brasileira que ainda não foi virada. Pra mostrar que nós não aceitaremos uma ditadura nunca mais. E que nós precisamos construir a democracia sempre.

 

(Raissa) Esse foi o FALA SINTET-UFU dessa semana! Você pode conferir mais informações em nosso site e em nossas redes sociais. Ótima semana a todas e todos e até o próximo programa!

9 de abril de 2024