Fala SINTET-UFU | 29 de agosto de 2024 | Dia Nacional da Visibilidade Lésbica

PROGRAMA FM UNIVERSITÁRIA – 28 de agosto de 2024

(Raissa) Olá, companheiras e companheiros, aqui é Raissa Dantas e nesse Fala SINTET-UFU a gente conversa sobre a Visibilidade Lésbica. Sintonize suas lutas!

O Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, celebrado em 29 de agosto, é uma data muito importância para a comunidade LGBTQIA+ no Brasil. Esse dia foi criado para potencializar vozes e dar mais visibilidade às mulheres lésbicas, reconhecendo suas lutas históricas por direitos, igualdade e dignidade. É também uma oportunidade pra refletir sobre as lutas que essas mulheres seguem enfrentando, nos âmbitos social, pessoal, ou político, e pra promover a conscientização sobre a discriminação e a violência que ainda persistem. 

Pra falar com a gente sobre esse assunto, convidamos Camila Paiva, que é advogada, graduada e mestre em Direito pela UFU, membra-fundadora do CoLeUdi – Coletivo Lésbico de Uberlândia, e voluntária do TODXS, como analista de Lei Geral de Proteção de Dados.

Camila, seja bem-vindo.

(Camila) Olá, meu nome é Camila Paiva, eu sou advogada e membra do CoLe-Udi, que é o coletivo lésbico de Uberlândia. E agosto é um mês muito importante para a gente, porque dia 19 de agosto é o dia do orgulho lésbico e dia 29 de agosto é o dia da visibilidade lésbica, são datas de marcos muito importantes do nosso movimento. E além disso, temos o agosto lilás, que é o mês em que a lei Maria da Penha completa mais um ano de existência. E é um período muito importante de conscientização e combate à violência de gênero.

E hoje eu quero falar de uma questão mais específica, que é a violência contra as mulheres lésbicas. Infelizmente, essa é uma realidade que passa desapercebida e muito invisibilizada nesse mês do agosto lilás. Olha, só para vocês terem uma ideia, nos 8 primeiros meses de 2023, mais de 5 mil casos de violência. Violações de direitos contra mulheres lésbicas foram registradas no Brasil, segundo o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, no Disque 100. Isso mostra que a gente precisa prestar mais atenção nessas questões. Mulheres lésbicas enfrentam uma dupla discriminação, tanto por serem mulheres, nesse país machista, como por sua orientação sexual. Muitas vezes essa violência é subnotificada, permanecendo invisível. E não é só violência física que a gente fala, né? Existe também violência psicológica, violência econômica, que são violências que a gente não vê, mas que tá ali no dia a dia, todos os dias. Muitas mulheres lésbicas são excluídas pelas próprias famílias e têm muita dificuldade no mercado de trabalho, principalmente aquelas mulheres lésbicas que são desfemininizadas. Enfrenta diariamente muita discriminação, muito assédio e além disso há uma imensa falta de dados sobre a nossa comunidade, principalmente, por exemplo, dados que seriam importantíssimos para nossa saúde, como as taxas de infecções sexualmente transmissíveis. Muitas vezes elas são simplesmente ignoradas pelos sistemas de saúde.

Então, o que a gente pode fazer para tentar mudar essa realidade? Primeiro, é importante falar sobre isso, dar visibilidade para esse tema, como a gente está falando agora, e garantir que leis como a Maria da Penha e a lei do racismo, que reconhece a homofobia, a transfobia como crimes, sejam realmente aplicadas. É preciso informar e conscientizar também, de capacitar os órgãos públicos, por exemplo, os órgãos de saúde, para colocarem corretamente. Dados nos sistemas e também os órgãos policiais para que possam preencher corretamente os boletins de ocorrência, esses registros, para que a gente possa ter esses dados, levantar esses dados, porque é com dados que a gente consegue solicitar, implementar as políticas públicas. No agosto lilás, nosso papel é denunciar e combater toda e qualquer forma de violência de gênero, especialmente aquelas que atingem de forma tão brutal e silenciosa as mulheres lésbicas. Que esse mês não seja só uma lembrança das lutas que já aconteceram, mas um chamado para as ações que precisamos tomar. Só assim a gente vai conseguir construir uma sociedade mais justa, segura e inclusiva para todas as mulheres. E o coletivo lésbico CoLe-Udi está aqui, segue a gente nas redes sociais e cola com a gente para a gente poder fazer ações para visibilizar a nossa comunidade. Obrigada.

(Raissa) Esse foi o Fala SINTET-UFU dessa semana. Ótima semana a todas e todos e até o próximo programa!

27 de agosto de 2024