R$3,50 é um assalto!
Mais uma vez a Prefeitura de Uberlândia, correspondendo em primeiro lugar à ganância pelo lucro das empresas de ônibus, aumenta de forma abusiva a tarifa do transporte público. O novo valor de R$3,50 está sendo cobrado desde o dia 04 de janeiro (a população terá que pagar R$0,40 a mais), correspondendo um aumento de 12,90%. A estratégia de ataque aos usuários e usuárias é a mesma que vem sendo utilizada nos últimos anos pela prefeitura – gestões de Odelmo Leão (PP) e Gilmar Machado (PT)- realizando o aumento da tarifa logo após as festas de fim de ano, em período não escolar, para tentar coibir qualquer reação ou manifestação social contrária.
Aumentos sistemáticos não são culpa da inflação
É importante lembrar que os aumentos sucessivos na tarifa do transporte público em geral são justificados pelo aumento da inflação, mas na verdade a alta ocorre anualmente por força do contrato assinado pela prefeitura com as três empresas que operam no sistema de transporte coletivo.
Se observarmos a tabela abaixo, nos últimos dez anos constata-se que o percentual acumulado está acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor-INPC que é um dos principais índices para o cálculo da inflação e referência para o cálculo de reajuste salarial de trabalhadoras e trabalhadores que ganham entre um e cinco salários mínimos.
| Ano | Valor da Tarifa (R$) | Reajuste (%) | INPC anual (%)*** |
| 2005* | 1,90 | 26,67 | 5,05 |
| 2006 | – | – | 2,81 |
| 2007 | – | – | 5,16 |
| 2008 | – | – | 6,48 |
| 2009 | 2,20 | 15,79 | 4,11 |
| 2010 | 2,25 | 2,27 | 6,47 |
| 2011 | 2,40 | 6,67 | 6,08 |
| 2012 | 2,60 | 8,33 | 6,20 |
| 2013** | 2,85 (janeiro) | 9,62 | 5,56 |
| 2,70 (junho) | -5,27 | ||
| 2014 | 2,85 | 5,56 | 6,22 |
| 2015 | 3,10 | 8,77 | 10,28 |
| 2016 | 3,50 | 12,90 | 11 (estimativa p/ janeiro) |
| Total acumulado | 91,31 | 75,42 |
*Ano das grandes manifestações nas ruas de Uberlândia e no Brasil que reagiram à elevação do valor da tarifa.
** Jornadas de Junho
***O Índice Nacional de Preços ao Consumidor-INPC foi criado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, inicialmente com o objetivo de orientar os reajustes de salários dos trabalhadores. A população-objetivo do INPC abrange as famílias com rendimentos mensais compreendidos entre 1 e 5 salários-mínimos. O INPC faz parte do Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor – SNIPC que efetua a produção contínua e sistemática de índices de preços ao consumidor, tendo como unidades de coleta estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, concessionária de serviços públicos e domicílios (para levantamento de aluguel e condomínio).
A corrosão sobre o salário mínimo é gritante, se tomarmos como exemplo um usuário do transporte público que sobreviva com um salário mínimo mensal e o utilize duas vezes ao dia terá que destinar 23,86% de seu rendimento; mensalmente terá um gasto médio de R$210,00, ao longo do ano (12 meses) R$2.520,00.
A causa do aumento da tarifa é política, envolvendo interesses que colocam o transporte público a serviço do lucro e não de suas usuárias e usuários. Fato é que em 2013 a prefeitura recuou na porcentagem do aumento, diante das expressivas manifestações conhecidas como “Jornadas de Junho”.
Estudantes, trabalhadoras e trabalhadores convocam para ato contra o aumento da tarifa no dia 11/01/16
No dia 04 de janeiro de 2016, ocorreu a primeira manifestação pública reivindicando a revogação do aumento da tarifa. A próxima manifestação está agendada para essa próxima segunda-feira (11/01/2016), às 17h30min com ponto de concentração na Praça Tubal Vilela.
O SINTET-UFU apoia essa justa e necessária luta, e convida todos e todas a somarem força nessa manifestação. Somente a força das trabalhadoras, trabalhadores e estudantes é capaz de reverter essa política protagonizada pelas empresas privadas (em cumplicidade com a Prefeitura Municipal) que visando exclusivamente o lucro controlam o transporte público em nossa cidade, afetando o direito de ir e vir da população de Uberlândia, dificultando o acesso ao trabalho, educação, cultura, lazer e outros direitos sociais garantidos pela constituição federal.
Imagem: Roberto Camargos
6 de janeiro de 2016
