Em geral, no Dia Internacional das mulheres é comum nos lembrarmos do evento que aconteceu a mais de um século e meio atrás, no dia 08 de Março de 1857, em Nova York, onde, algumas tecelãs, ao fazerem uma greve reivindicando melhores condições de trabalho e, ambientes mais justos em relação às condições de trabalho dos homens, morreram carbonizadas ao serem trancadas vivas na fábrica. Aquele gesto cruel para com as 130 trabalhadoras que ali estavam, instigou a escolha do dia 08 de março como um dia a se prestar homenagens às mulheres. Contudo, enaltecer as qualidades das mulheres como boas mães, esposas ou filhas distribuindo a elas flores ou presentes, não permite que realizemos as discussões necessárias sobre a atual condição das mulheres no mundo.
Na história há o registro de muitas lutas das mulheres: por melhores condições de trabalho, pelo voto, por terem direito aos seus próprios corpos e à sua própria vida. E, mesmo na atualidade, algumas conquistas que foram realizadas no século passado por algumas mulheres, ainda são lutas atuais para outras, como o direito ao voto que só foi conseguido na Arábia Saudita no ano passado (2015) e que já havia sido garantido a elas em grande parte do mundo. Na verdade, a simbologia das flores, muitas vezes entregues no Dia Internacional das Mulheres, ficam apagadas quando flores também cobrem os seus corpos quando estes, sem vida, são transportados em velórios ao serem estas vítimas da violência machista. Infelizmente, no Brasil, de acordo com dados estatísticos, a cada hora e cinquenta minutos uma mulher é morta, vítima de assassinatos. Estes dados são ainda mais intrigantes quando se pode constatar que o número de homicídios é quatro vezes maior para com as mulheres negras do que com as mulheres brancas.
Com isso, refletir sobre o real objetivo do Dia Internacional das Mulheres, possibilita que façamos uma análise dos inúmeros aspectos em que a nossa luta, ainda precisa avançar, tanto nos aspectos sociais, como políticos e econômicos. Não dá mais para sermos no mercado de trabalho a força de trabalho mais barata, também não dá para ignorarmos que apenas a existência das leis seja o suficiente.
Então, se voltarmos ao questionamento inicial e nos perguntássemos: Afinal, o que temos a comemorar no Dia Internacional das Mulheres? Talvez fosse, com mais intensidade, a sua capacidade de não se entregarem e não desistirem das suas constantes lutas por um mundo sem machismo, sem opressões, e que não as percebam como inferiores, mas que as percebam como seres humanos que lutam por mais justiça em um mundo que ainda está, em relação às mulheres, repleto de injustiça.
8 de março de 2016
