XXIV CONSINSTET-UFU: mesa debate sobre a luta contra o machismo na universidade

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Dando continuidade ao XXIV CONSINTET-UFU, aconteceu na manhã dessa quinta-feira (08) a mesa debate “A luta contra o machismo na universidade: o que fazer?”. Coordenada por Maria José Nascimento Fabiano e teve como debatedoras Jorgetânia da Silva Ferreira, professora do Instituto de História da UFU e presidente da Associação dos Docentes da UFU (UFU); Mariana Lopes Barbosa, técnica-administrativa militante do movimento sindical e feminista; e Alinne Gomes, técnica-administrativa do Instituto de Letras e Linguística da UFU.

A primeira a palestrar foi à professora Jorgetânia Ferreira que falou sobre a sociedade no geral e seu machismo diário que destinava a mulher no nascimento e as mudanças que aconteceram nos dias atuais. “Antigamente a mulher já nascia com seu caminho trilhado. A mulher nascia, aprendia os afazeres domésticos, encontrava um marido e cuidava dos filhos. Hoje a mulher é capaz de trilhar seu próprio destino, mesmo que ainda contra a vontade da maior parte dos homens”, afirmou a docente.

Ainda de acordo com a presidente da ADUFU, as mulheres dedicam muito mais tempo aos serviços de casa do que homens. “De acordo com a professora, as mulheres dedicam cerca de 25 horas semanais para os afazeres domésticos, enquanto que os homens dedicam apenas 10”, acrescentou. Para finalizar, Ferreira           reforçou a importância das mulheres continuarem a lutar para serem o que realmente são. “Precisamos lutar para sermos do jeito que nós somos, precisamos lutar para que não precisemos seguir os padrões da sociedade”.

A segunda a discursar foi à técnica-administrativa em educação da Universidade Federal de Goiás (UFG), Mariana Lopes Barbosa que falou da participação da mulher no ensino superior brasileiro. “O ensino superior foi instituído no início do século XIX com a vinda da família real portuguesa para o Brasil, porém, a mulher só passou a ter direito ao ensino superior 80 anos depois”, disse.

A servidora mostrou ainda que aos poucos o panorama tem mudado, ainda longe do ideal, mas não está estagnado, mas mostrou que ainda é preciso avançar muito. “Hoje, temos uma boa notícia, mulheres representam mais de 50% de discentes ingressantes no ensino superior, e 60% delas conseguem se formar. O grande problema nessa questão está na falta de creches dentro das universidades, e como a responsabilidade de cuidar dos filhos, infelizmente, ainda fica a cargo das mulheres apenas, muitas precisam trancar a faculdade em algum momento por não ter com quem deixar a criança”, finalizou Barbosa.

Para encerrar o debate a técnica-administrativa, Alinne Gomes apresentou sua tese de mestrado que abordou a questão de gênero dentro da Universidade Federal de Uberlândia. “O gênero é um princípio de organização que direciona o que o homem e a mulher devem fazer, e assim percebemos que existem diferenças entre os gêneros no serviço público federal”, começou.

De acordo com a técnica-administrativa, o quadro de trabalhadoras e trabalhadores técnico-administrativos é composto por 58% de mulheres, e que 56% delas possui pós-graduação, porém, tais capacitações não refletem nos setores de administração da universidade. “Embora as mulheres sejam maioria na UFU e estejam capacitadas para isso, 70% dos cargos de direção estão ocupados por homens”, disse.

Segundo a palestrante a demora para a mudança de parâmetro dentro da discussão de gênero dentro da UFU está ligada a falta de medidas institucionais e sindicais relacionadas ao assunto. “O desenvolvimento tardio de medidas institucionais e sindicais relacionadas ao gênero; ausência de políticas ou medidas de promoção da igualdade de gênero e a necessidade de pesquisar a universidade diminuem ainda mais a mudança na cultura machista”.

Texto e imagem: Guilherme Gonçalves

8 de dezembro de 2016