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13 DE MAIO: REAFIRMANDO A RESISTÊNCIA!

Por Osmam Martins

Colaboração da Coordenadora de Imprensa e Comunicação do SINTET-UFU, Maria Cristina Sagário

Após pressão do mercado internacional, a Lei Áurea foi assinada em 13 de maio de 1888, abolindo oficialmente a escravidão no Brasil. Ainda que a assinatura represente um avanço, continuamos a presenciar a crescente manifestação de situações adversas relacionadas ao trabalho escravo com negros e brancos pobres no Brasil.

Naquele período, os ex-escravos foram completamente esquecidos pelo Estado, esse que lhe concedeu a ‘liberdade’. Sem nenhuma política posterior à assinatura da Lei Áurea para inserir a população negra na sociedade, o Estado promoveu uma guinada na desigualdade social que permeia até hoje.

São tempos sombrios e amargos para o Brasil. Os líderes, impopulares em sua maioria, que deveriam representar os trabalhadores e trabalhadoras, se autodenominam ‘defensores da pátria’ e falam até em ‘pacificação nacional’. Mesmo depois de 129 anos da canetada que autorizou a Lei Áurea, mudanças ocorreram para a comunidade negra brasileira, mas falharam claramente na busca de uma igualdade social.

O governo ilegítimo de Michel Temer, dispondo-se das mudanças realizadas pelo governo anterior, atua fortemente no sentido de retomar velhas práticas e políticas ideológicas danosas e ameaçadoras, recriando o modelo escravista de trabalho, intimidando mais uma vez a comunidade negra deste país.

Podemos enumerar algumas medidas impopulares já impostas pelo atual governo. Temos a reforma do ensino médio, a terceirização e a reforma trabalhista e previdenciária, itens indispensáveis para perpetuar a exploração dos empresários sobre a classe trabalhadora, especialmente no caso da reforma trabalhista, colocando a classe trabalhadora a sombra do triste período de escravidão no Brasil.

No momento em que este governo aprova o congelamento de investimentos em saúde e educação por 20 anos, ele está afirmando que por duas ou mais gerações, nossos filhos e netos estarão à margem de qualquer política pública e amparo constitucional que vise elevar e garantir uma qualidade de vida a população ou reduzir os altos índices de desigualdade.

Assim, assistimos calados ao fim do Estado de Direito e de Bem Estar Social, atingindo fortemente negras e negros e pobres deste país, que de acordo com vários estudos ainda recebem os menores salários no mercado de trabalho. As elites brasileiras correspondem matematicamente à minoria esmagadora (cerca de 1% da população) e estão recebendo o poder de retomar naturalmente a exploração humana na forma mais perversa.

Precisamos de unidade, temos que resgatar a capacidade de organização e mobilização, baseadas nos princípios das lideranças históricas de Dandara, esposa de Zumbi dos Palmares e do próprio Zumbi dos Palmares. Por esta razão, nossa luta contra esses movimentos conservadores, representados por parlamentares racistas, será eterna!

Nossa referência de luta nunca será o dia 13 de maio, pois já rompemos com esse acordo ultrapassado de ‘casa grande’ e ‘senzala’. Doravante, nós faremos referência ao dia 20 de novembro, em memória a todos os negros e negras que morreram em batalha nas busca pela liberdade e direitos sociais.

 

12 de maio de 2017