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Audiência Pública sobre a EBSERH é realizada na UFU

Por Guilherme Gonçalves

Foi realizada no último dia 10, audiência pública sobre a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), que pode se tornar administradora do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU). O evento aconteceu no anfiteatro do bloco 8B, campus Umuarama da universidade. Participaram da audiência o magnífico reitor Valder Steffen Júnior; Eduardo Crosara, diretor do HC; Mário Guimarães Júnior, Coordenador Geral do SINTET-UFU; Benerval Pinheiro Santos, Presidente da ADUFU-SS; e Luciana de Gouvêa Viana, Superintendente do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG).

Em sua fala, Valder Steffen Júnior disse que a UFU deve dinheiro a Fundação de Assistência, Pesquisa e Extensão de Uberlândia (FAEPU) e que é graças à fundação que o Hospital de Clínicas tem funcionado. O reitor disse ainda que espera assinar carta de intenção a adesão em breve. “Até o final do ano desejamos a assinatura de uma carta demonstrando a intenção de aderir à administração da EBSERH”, disse Steffen.

Convidada, a Professora e Superintendente do HC-UFMG mostrou os motivos que levaram a adesão e como foram realizados os estudos para que a empresa administrasse o hospital da maior universidade federal mineira.  “O hospital da UFMG possuía irregularidades na contratação de trabalhadores por meio da fundação universitária, endividamento crescente, comprometimento do abastecimento do hospital e dúvidas em relação à nova estratégia governamental de gestão dos hospitais universitários federais”, afirmou Luciana Gouvêa. A professora disse ainda que, no caso da UFMG, mesmo com a situação complicada que o hospital vivia nada foi feito as pressas para que nenhum problema fosse enfrentado posteriormente. “Em 2012 foram feitos vários fóruns universitários para apresentação da EBSERH a comunidade, pois havia preocupação em relação à autonomia da Universidade na gestão do HC após a assinatura do contrato. Em 2013 foi aprovada a manifestação favorável à adesão à EBSERH, definição do dimensionamento de recursos humanos junto a Diretoria de Gestão de Pessoas da empresa e assinatura do contrato”, completou.

Já para a coordenação do SINTET-UFU, representado pelo Coordenador Geral, Mário Guimarães Júnior, a audiência foi boa, porém, ficou clara a necessidade de mais eventos antes de uma resposta conclusiva a adesão ou não a EBSERH. “Um dos motivos para que outras audiências sejam feitas é a exposição de relatos contrários aos apresentados na UFMG”, falou Guimarães. Segundo ele, há relatos de aumento de problemas em hospitais que aderiram à empresa. “No hospital da Universidade Federal do Paraná (UFPR), por exemplo, houve diminuição nas pesquisas do projeto de hospital escola. Há impactos negativos na pesquisa e extensão no hospital universitário e estudantes precisam fazer contratos para conseguirem ter acesso ao hospital, o número de casos de assédio moral aumentou, pacientes receberam alta precocemente para redução dos custos, entre outros problemas”, disse. O sindicato possui ainda inúmeros questionamentos de como será a adesão e a relação com a empresa de serviços hospitalares. “Caso o HC faça a adesão a EBSERH, qual será a sua relação com a FAEPU? Pois, ninguém em Uberlândia sabe ao certo como a fundação atua realmente. Precisamos saber se trabalhadoras e trabalhadores do Regime Jurídico Único serão cedidos a EBSERH. Os sindicatos terão espaço para negociação dos direitos das trabalhadoras e trabalhadores do hospital junto a EBSERH?”, completou o coordenador do SINTET-UFU.

O discurso de preocupação também foi seguido pelo presidente da ADUFU, Benerval Pinheiro Santos. “O Brasil vê a saúde, a educação, o transporte e muitos outros serviços como um gasto e não como investimento. Produzir conhecimento é caro sim, por que não se produz conhecimento com improviso. É preciso garantir a pesquisa, a extensão e a produção de conhecimento em um hospital universitário. A tendência é que as pesquisas diminuam em longo prazo”, afirmou o professor.

A expectativa é que novas audiências públicas sejam realizadas antes mesmo da assinatura da carta de intenção a adesão. O SINTET-UFU espera que o assunto seja debatido com a comunidade universitária e a decisão de adesão ou não seja discutida nos conselhos superiores da UFU.

16 de outubro de 2017