Áurea Carolina debate as lutas feministas pela ampliação de direitos

Fechando o mês de Março da Mulher Trabalhadora, o Grupo de Trabalho (GT) de Mulheres do SINTET-UFU realizou o debate “Lugar de Mulher? As lutas feministas pela ampliação de direitos”, com Áurea Carolina, Mestra em Ciência Política pela UFMG e especialista em gênero e igualdade pela Universidade Autônoma de Barcelona. O evento aconteceu no anfiteatro do bloco 3Q, campus Santa Mônica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). A Coordenadora Geral, Elizete Mendes Rosa e a Coordenadora de Políticas Sociais Antirracismo, Lucia Rodrigues da Silva, mediaram o debate.

Áurea Carolina que foi a vereadora mais votada nas últimas eleições municipais em Belo Horizonte começou o debate dizendo o que pensa sobre ter que falar sobre o lugar da mulher. “É estranho à gente ter que falar sobre o lugar de mulher, por que isso deveria ser garantido a todas, mas infelizmente sabemos que muitos espaços nos são negados”, disse Carolina. Ela ainda deu um exemplo do quanto os espaços ainda são negados as mulheres. “Como vereadora de Belo Horizonte, numa câmara com 41 vereadores, sendo que apenas quatro são mulheres, tenho a certeza que ali mesmo é um espaço negado a nós” exemplificou.

Entrando no tema sobre maternidade e saúde da mulher, Áurea comentou sobre o aborto. “O direito ao aborto que deveria ser um direito de toda mulher, principalmente, por questões de saúde, ainda é negado a todas,” afirmou.

A debatedora indicou ainda o que é preciso fazer para mudar o panorama das mulheres, mas também da sociedade em geral, principalmente, a parcela mais pobre da população. “Precisamos estar no poder para mudarmos os panoramas vividos hoje na sociedade. Nós precisamos descolonizar nossas práticas, inclusive nos movimentos sociais”. Ela ainda lembrou que o golpe parlamentar organizado no Brasil foi mais uma ferramenta para impedir as conquistas da parcela mais pobre da população. “O golpe dado no Brasil foi para impedir os avanços sociais que estávamos conseguindo. Um dos avanços foi a entrada do negro e da negra no ensino superior, que apesar de alguns questionamentos, é um avanço inegável para a sociedade, porém, a parcela rica da população não suporta ver isso, não suporta ver seus privilégios serem diminuídos”, enfatizou.

 Para finalizar, Áurea Carolina reforçou que o lugar de mulher é onde ela quiser, principalmente, na mudança da conjuntura encontrada atualmente. “É muito importante que assumamos nossa capacidade de ação na mudança desse panorama. O processo de mudança é lento mesmo, temos que continuar trabalhando nas nossas comunidades. A mudança cultural é radical e por isso causa estranheza. Sendo assim, precisamos ter paciência, pois a mudança será lenta”, finalizou.

Na segunda parte do evento foi aberto espaço para perguntas. Com grande interação de todas e todos e respostas da debatedora em uma excelente conversa, o evento se estendeu para além do imaginado. Áurea Carolina ainda participou de ato contra a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) durante reunião extraordinária do Conselho Universitário (CONSUN), nessa sexta-feira (23).

23 de março de 2018