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A universidade em tempos de precarização

Por Raissa Dantas

Em breve disponibilizaremos um artigo completo com todos os destaques sobre os anexos do contrato entre EBSERH e UFU. Foto: Raissa Dantas

 

A paralisação das técnicas e técnicos administrativos em educação (TAE) da UFU ocupou o campus Umuarama da UFU durante a tarde de ontem, 07 de junho, com muitas reflexões acerca da sintonia entre as experiências de retrocesso na UFU conectadas à uma conjuntura nacional de precarização e desmonte dos serviços públicos. Foram convidados e convidada para o debate o presidente da ADUFU, professor Benerval Santos, a TAE e presidenta da Comissão de Jornada de Trabalho (CJT), Jaciara Boldrini, e também Carlos Monteiro, assessor técnico do SINTET-UFU.

O debate iniciou com as contribuições de Benerval Santos, que traçou um panorama de construção do pré-golpe, que passou desde o sucateamento dos serviços públicos, até a centralidade do petróleo nas relações e disputas geopolíticas do Brasil referente ao mundo. O docente refletiu, ainda, acerca da falta de projeto educacional das esquerdas como um dos elementos mais incisivos que constituem a alienação e consequente conservadorismo do povo brasileiro, apontando a urgência em se construir esse projeto de educação, bem como a necessidade de formas de mobilização real da população para superar os retrocessos postos.

Na sequencia, Jaciara Boldrini refez em sua fala toda a história recente da trajetória da flexibilização da jornada de trabalho na UFU, os eventos, embates, organização e empecilhos, com vias de contextualizar o debate para todas e todos e, ainda, encaixar esse debate no panorama nacional apresentado pelo seu antecessor. A presidenta da CJT apresentou a todas e todos as batalhas que a comissão tem travado contra a Reitoria da UFU, que numa prática de morosidade e burocracia, trabalha em consonância com o Ministério Público Federal no sentido de minar as possibilidades do projeto das 30 horas ideal ser aplicado na UFU.

Carlos Monteiro concluiu as apresentações com os aspectos fundamentais do debate sobre a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) e a UFU que são necessários para se entender a gravidade do que poderá ocorrer no futuro próximo para a saúde pública e a vida de tantas trabalhadoras e trabalhadores de Uberlândia e região. E assessor técnico do SINTET-UFU apontou algumas das muitas irregularidades que ocorreram para que conseguissem aprovar a EBSERH na UFU e as consequências disso, apresentando diversos pontos dos anexos que a UFU tentou omitir ao divulgar apenas o contrato. Alguns dos pontos mais polêmicos foram: o item que deixa claro que a administração do Hospital será “indireta” e “empresarial”; o Conselho de Administração do Hospital de Clínicas (CONAD) deixará de ter caráter deliberativo; a eleição de direção será feita por lista tríplice e, ainda, as trabalhadoras e trabalhadores Regime Jurídico Único do Hospital de Clínicos aparecerem nos documentos como cedidos à EBSERH sem ao menos terem sido consultados, conforme resolução do Tribunal de Contas da União. Conforme Carlos afirmou, “essa transição é contraditória com o que o Conselho Universitário aprovou, falta com respeito aos trabalhadores do hospital e com a democracia que a universidade pública preza”.

Após as apresentações ocorreu um valoroso debate entre todas e todos presentes na atividade, que puderam apresentar outros pontos e saberes sobre as questões levantadas pelos convidados e pela convidada. O coordenador geral do SINTET-UFU, Mário Guimarães Júnior, enfatizou em sua fala os aspectos nacionais que contribuíram diretamente para que o sindicato construísse tal paralisação e apontou que “precisamos estar preparados, a luta que faremos é composta por várias etapas e se estenderá por um longo período, precisamos conversar com a população sobre o real efeito da emenda constitucional 95 nas vidas de todas e todos brasileiros”. O dirigente destacou, ainda, a necessidade da formação de uma frente sindical em Uberlândia que atue em defesa dos serviços públicos e a importância do SINTET-UFU formular peças comunicacionais com o intuito de difundir para as trabalhadoras e trabalhadores do HC, bem como para a população em geral, o que a EBSERH poderá causar à saúde pública e gratuita da região.

8 de junho de 2018