XXVI CONSINTET-UFU “Paulo Henrique Rodrigues dos Santos” tem início nessa manhã

Por Raissa Dantas

 

A mesa de abertura contou com a presença de representações do DCE, FASUBRA e APG | Foto: Raissa Dantas

O XXVI CONSINTET-UFU teve início nessa manhã (27) no anfiteatro do bloco 3Q, campus Santa Mônica da UFU. A mesa de abertura ocorreu com saudações e reflexões importantes de Rayssa Lemes, representando o Diretório Central dos Estudantes (DCE), Mariana Lopes, representando a Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnicos-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (FASUBRA), Celson Braga, representando a Associação de Pós-Graduandos (APG), Mário Guimarães Júnior, representando o SINTET-UFU. O professor Eduardo Giavara, representante da Associação dos Docentes da UFU (ADUFU) e Sérgio Santos Neves, representante da FASUBRA estiveram ausentes por razões pessoais, mas foram lembrados. As pessoas presentes na mesa de abertura lembraram a importância de organizar trabalhadoras e trabalhadores, construir espaços democráticos e mobilizações em defesa de direitos sociais, bem como estreitar as relações e lutas entre técnicas e técnicos administrativos em educação (TAE’s), estudantes e docentes, encarando o resgate da história e dos princípios do levante de Córdoba como tarefa para o presente. Mário Júnior propôs ao plenário a nomeação do congresso como “Paulo Henrique Rodrigues dos Santos”, aprovado por consenso como homenagem ao nosso eterno companheiro de história e lutas.

Foi exibido vídeo em homenagem a Paulo Henrique (PH), que também homenageou companheiras e companheiros que nos deixaram no último período. Posterior à exibição foi feito um minuto de salva de palmas.

 

Delegadas e delegados apreciaram o regimento e aprovaram, dando início oficial ao congresso | Foto: Raissa Dantas

Após as solenidades de abertura foi realizada leitura do regimento, feitos destaques e o debate de pontos, que foram apreciados pelos presentes no plenário.

Convidada e convidados refletem sobre a conjuntura atual e perspectivas de mobilizações | Foto: Raissa Dantas

A mesa de análise de conjuntura teve início com a presença de Gilberto Neves, representante da Frente Brasil Popular (FBP), Mariana Lopes, representante da FASUBRA e, ainda, Eduardo Giavara, representante da ADUFU. Gilberto Neves iniciou rememorando seu tempo como TAE e lembrou a história de lutas de PH, das mobilizações e oposição à antiga ASUFUB, fundação do SINTET-UFU e uma curiosidade da história do Ligeirinho, o impresso do sindicato que ganhou esse nome numa troca de ideias entre Gilberto e Paulo Henrique. O convidado contextualizou a conjuntura do golpe midiático-jurídico-parlamentar que implantou um estado de exceção que visa fragilizar a Constituição de 1988, atacar os direitos sociais, atender os segmentos do mercado financeiro e da burguesia, bem como retroceder nos avanços democráticos. Neves avalia que na disputa discursiva com a população houve um esclarecimento de que foi golpe e que a promessa de que sem Dilma no poder o país melhoraria, caiu por terra. Além disso, Gilberto aponta que “caso alguém do campo de esquerda vença as eleições vai acontecer uma disputa intensa e a conjuntura será de enfrentamento, porque o setor econômico não está disposto a conciliar”. O representante da Frente Brasil Popular aponta que “só vamos conseguir avançar em direitos sociais, reforma política, reforma agrária, democratização da comunicação, distribuição de renda, com mobilização popular. Temos que construir nas bases, eleger candidatos progressistas, seja no executivo, seja no legislativo e revogar as medidas do Temer, ir pra radicalização no enfrentamento, na organização popular, nas mobilizações, nas construções de frentes, na unidade das esquerdas e não sermos prisioneiros das nossas divergências, nos alinhando nas nossas convergências”.

A continuidade das reflexões sobre análise de conjuntura foi realizada por Mariana Lopes, que é coordenadora da pasta da Mulher Trabalhadora da FASUBRA, que frisou a deliberação da FASUBRA pelo combate às opressões como prioridade. Lopes contextualiza o momento presente retomando as análises da crise econômica que completa 10 anos e que está intimamente ligada à austeridade que os países de capitalismo periférico vivenciam. Mariana constrói suas análises do tripé de uma crise econômica, política e social, iniciando pela econômica que gerou no mundo inteiro um baixo crescimento econômico que, para blindar os países imperialistas, impôs uma agenda de retrocessos e precarização aos países emergentes. “Entender nossa localização frente ao mundo nos auxilia na analise pra pensarmos como agir, para que não sejamos uma nova Grécia. Esse modelo do ganha-ganha, da conciliação de classes, já não dava mais. Os países imperialistas queriam que no Brasil fossem implementadas medidas de austeridade que hoje estão sendo aplicadas e que justificam o golpe”, enfatizou Lopes. A coordenadora da FASUBRA aponta que, como as esquerdas, as frações burguesas também se encontram em crise e que podemos usar essa crise de hegemonia a nosso favor. Além disso, reflete sobre as 30 milhões de pessoas desempregadas no Brasil, que têm classe, cor, gênero e orientação sexual. Mariana reflete que “com a queda das rendas e o aumento no número de desempregados, temos um aumento da violência urbana e, observando nossa conjuntura atual, um aumento na potencialização de vozes de candidatos reacionários que apresentam propostas com teor de violência e que não resolvem. Além disso, há um fortalecimento do judiciário e das forças armadas, que também acontece nos outros países que vivem a austeridade no mundo”. A representante da FASUBRA analisa que a crise das forças burguesas, o enfraquecimento do legislativo e executivo e, ainda, o fortalecimento do judiciário gera o fortalecimento de medidas antidemocráticas, que levam à crise social, que tem como agenda o fim das liberdades democráticas, tendo na prisão de Lula a maior representação desse fim de liberdades. Mariana Lopes relembra a violência política expressa pela execução de Marielle Franco e apresenta, como sinalização de ações da FASUBRA “fortalecer a taxação das grandes fortunas, a auditoria da dívida pública, a reversão de todas as privatizações, a construção de uma segurança pública que pense em todos os aspectos econômicos e sociais, que não seja racista, que pense também enquanto projeto de país. Precisamos agir e combater as opressões, porque qualquer um das frações burguesas que chegar à presidência, vai agravar os retrocessos que vivemos. Nossa tarefa primeira é, hoje, construir uma frente única de combate ao fascismo e pelas liberdades democráticas, precisamos derrotar Bolsonaro agora”.

Para finalizar, Eduardo Giavara, da ADUFU, apresentou e analisou suas reflexões sobre o segmento docente, as disputas na ANDES e sua recente eleição, que trouxe fortalecimento à categoria, bem como as lutas e enfrentamento que o sindicato nacional tem imprimido frente às políticas de Temer. Giavara analisou as reformas feitas na Previdência Social, desde o governo de Fernando Henrique, bem como nos governos petistas e aponta a necessidade de autocrítica, uma vez que causou a retirada de direitos dos trabalhadores que não incidiram nas distorções do sistema previdenciário. O docente propõe que “precisamos fazer uma segunda autocrítica centrada na questão política, nós precisamos entender que o processo de democratização tem que ser ampliado”, além das críticas, que reivindiquemos os ganhos sociais dos governos do Partido dos Trabalhadores, como a expansão universitária, a criação de programas como o Sistema de Seleção Unificada (SiSU), expansões de áreas geográficas das universidades, programas como o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) e o Programa de Educação Tutorial (PET), no âmbito das cidades com o Minha Casa Minha Vida, dentre outros. Eduardo reforça a necessidade de estreitar as relações e lutas na unidade entre SINTET-UFU e ADUFU para pensar o futuro da universidade pública brasileira.

27 de agosto de 2018