Fala SINTET-UFU | 09 de março de 2022

PROGRAMA FM UNIVERSITÁRIA 589 – 09 de março de 2022

 

(Raissa) Olá, companheiras e companheiros ouvintes da Universitária FM, eu sou Raissa Dantas e está no ar o FALA SINTET-UFU. Celebramos ontem, no dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher. E sabemos que durante todo o mês, essa temática é bastante abordada e debatida. Nessa edição do FALA SINTET, nós vamos conversar com Alexandra Rodrigues de Oliveira, que é Assistente Social na UFU e simpatizante do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro. Seja bem-vinda, Alexandra.

 

(Alexandra) Olá Camaradas!! Agradeço o convite do SINTET-UFU e a oportunidade de falar para as e os ouvintes do programa sobre um tema tão necessário que é a luta das mulheres num contexto de retirada de direitos e intensificação da exploração e opressão da classe trabalhadora em todo mundo.

Infelizmente no imaginário popular o 8M se transformou em mais uma data comercial em que nos presenteiam com flores, ressaltam nossa criatividade, empreendedorismo, elogiam o que seriam qualidades natas como a delicadeza, a fragilidade, e claro o “dom natural” que temos para a maternidade.

O esvaziamento do significado do 8M foi intencional sendo um desserviço à luta por direitos das mulheres trabalhadoras. Então, apesar das conquistas, não podemos parar, o 8M não é data comemorativa, mas sim UM DIA DE LUTA. Precisamos intensificar nossa organização para lutar contra as violências, especialmente contra as pessoas pretas, pobres, LGBTQIA+, indígenas e o contra feminicídio.

 

(Raissa) Alexandra, um fato que eu acredito que seja desconhecido para muitas pessoas é a verdadeira origem do Dia da Mulher. Nós estamos acostumadas a ouvir que o dia 8 de março é uma homenagem a trabalhadoras que foram queimadas em uma fábrica em Nova York no ano de 1857, após entrarem em greve. Porém, alguns estudos demonstram que isso nunca ocorreu. Eu gostaria que você falasse um pouco mais sobre isso e explicasse a verdadeira origem da data:

(Alexandra) Na realidade a origem do Dia Internacional das Mulheres é Comunista. A data foi instituída há mais de 100 anos durante a Conferência das Mulheres Trabalhadoras da Internacional Socialista e que no ano seguinte passou a ser comemorada em vários países, mas em datas diferentes. Em 1917 o estopim para o inicio da Revolução Russa foi uma greve de mulheres trabalhadoras que tinha como mote “Pão e Paz”, posteriormente em reconhecimento as conquistas das mulheres, Lenin oficializou a data como o Dia Internacional da Mulher.

Importante lembrar que no Brasil em 1917, as trabalhadoras de uma indústria têxtil em São Paulo entraram em greve por condições dignas de trabalho e salários equiparados aos dos homens. A reivindicação foi revidada com extrema violência, motivando assim a indignação de toda a classe trabalhadora, resultando na deflagração da primeira greve geral no Brasil. Isso mesmo, as mulheres foram as protagonistas da primeira GREVE GERAL NO PAIS e da Revolução Russa de 1917!

Então, fica evidente que o apagamento da origem do 8M aconteceu intencionalmente para ocultar suas raízes socialistas, e esconder as lutas de mulheres como, Alexandra Kollontai, Rosa Luxemburgo, Clara Zetkin, dentre muitas outras. E se não fosse as mulheres socialistas hoje não teríamos jornadas de trabalho de 8 horas, licença maternidade, direito ao divórcio, de votar e ser votada, acesso a creches e escolas públicas, além da descriminalização e a legalização do aborto em alguns países. Todos esses direitos foram arduamente conquistados e devemos reafirmar nossas lutas contra o patriarcado, o machismo, o racismo, a lgbtfobia, enfim, todos os tipos de exploração e de opressão intensificadas por mais uma crise mundial do capital.

Só assim poderemos avançar para construir uma sociedade socialista, mais equitativa, na qual os direitos de mulheres e homens da classe trabalhadora sejam respeitados para vivermos com dignidade, com acesso a bens materiais, culturais, artísticos e construir a verdadeira emancipação humana.

(Raissa) Alexandra, agradeço muito a sua presença no FALA SINTET-UFU de hoje, nesse debate tão rico e esclarecedor.

 

(Alexandra) Agradeço a todas e todos que nos acompanharam e desejo muita força para nos organizamos, seguirmos juntas e juntas nas lutas!

 

(Raissa) Esse foi o Fala SINTET-UFU dessa semana. Você pode conferir mais informações em nosso site e em nossas redes sociais. Uma ótima semana a todas e todos, se cuidem e até o próximo programa.

 

9 de março de 2022