Fala SINTET-UFU | 12 de junho de 2024 | Mudanças e Crise Climática

PROGRAMA FM UNIVERSITÁRIA – 12 de junho de 2024

(Raissa) Olá, companheiras e companheiros, aqui é Raissa Dantas e nesse Fala SINTET-UFU a gente conversa sobre a crise climática. Sintonize suas lutas.

A crise climática é um dos desafios mais urgentes e complexos da atualidade, com impactos globais evidentes e crescentes. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o IPCC, a temperatura média global aumentou cerca de 1,1°C desde o final do século 19, resultante principalmente de atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento. Eventos climáticos extremos, como ondas de calor, tempestades intensas e secas prolongadas, passam a acontecer com frequência e severidade,  afetando milhões de pessoas em todo o mundo. Esses eventos não colocam em ameaça apenas a segurança alimentar e hídrica, mas também agravam as desigualdades sociais e econômicas, especialmente nas regiões mais vulneráveis.

E pra conversar com a gente sobre as mudanças climáticas, convidamos Túlio Barbosa, que é professor no Instituto de Geografia da UFU, na Pós Graduação em Geografia , e, ainda, líder do Núcleo Teoria Anticolonial  na mesma instituição.

Seja bem-vindo, Túlio.

(Túlio) Olá, tudo bem? A crise climática precisa ser pensada e estruturada a partir do poder. Nós sempre colocamos as questões das mudanças climáticas sempre vinculadas à forma como nós produzimos, mas nós precisamos anteceder esse processo e pensar nessa estrutura de poder. É muito interessante que nós olhamos sempre para a natureza como recurso natural. A natureza vai nos sendo indicada desde a nossa infância na escola como algo para ser explorado, como algo para ser de fato degradado, destruído para o nosso bem próprio, ou seja, a natureza é pensada como um recurso. Nunca a natureza é pensada como vida. Também precisamos pensar de que nós também somos natureza. Então, quando nós estamos falando de mudanças climáticas, dessa crise climática, nós precisamos pensar nessa estruturação conceitual como. Isso também é trabalhado na escola, porque aparentemente isso não influencia em nada, mas influencia em tudo, porque a forma como nós entendemos a nossa relação com a natureza e nós nos distanciamos do entendimento que nós somos natureza, nós vamos ignorar o fator mais importante na construção desse fator para pensar na nossa realidade, o conceito de vida. Vida é o ponto mais importante para ser pensado em toda a estruturação do nosso conhecimento, mas nós ignoramos e vamos para a produção. Então, por exemplo, os negacionistas, um grande parte desses negacionistas também tem uma estrutura de pensamento vinculado ao fascismo, eles têm uma ideia de destruição, de morte, ou seja, é só a gente lembrar do fascismo espanhol que gritava viva a morte. Então quando a gente começa a pensar que a estrutura que se organiza, os conceitos, as categorias para entender a natureza, parte sempre da produção e a produção está sempre vinculada. A degradação. Então é muito importante quando a gente pensar que a crise climática na verdade é um processo de organização de um poder que parte da ignorância total quanto a vida. Ou seja, se ignora totalmente a vida, mas se ignora propositalmente. Porque quando nós começamos a pensar no conceito de vida, nós começamos a ter outra relação com a nossa própria realidade. Quando a gente tem, por exemplo, essa tragédia no Rio Grande do Sul, é fundamental apresentarmos os culpados. E os culpados estão no tempo presente e também nesse processo histórico. Nesse processo de construção de uma educação que vincula permanentemente a natureza a uma ideia de produto, a uma ideia de produção, a uma ideia de produtividade. Então, as mudanças climáticas trazem uma série de processos que afetam diretamente a qualidade de vida das pessoas. Só que tudo isso antecedido por uma estrutura. Que vincula permanentemente a produção como vida. E não, a vida é oposta a essa produção capitalista.

(Raissa) Esse foi o FALA SINTET-UFU dessa semana! Você pode conferir mais informações em nosso site e em nossas redes sociais. Ótima semana a todas e todos e até o próximo programa!



12 de junho de 2024