Fala SINTET-UFU | 15 de maio de 2024 | Maternidade e Mundo do Trabalho

PROGRAMA FM UNIVERSITÁRIA – 15 de maio de 2024

(Raissa) Olá, companheiras e companheiros, aqui é Raissa Dantas e nesse Fala SINTET-UFU a gente conversa sobre mães trabalhadoras. Sintonize suas lutas. 

Uma das principais pautas da quarta onda do feminismo, a maternidade atualmente ocupa um patamar de reflexão heterogêneo, atravessada por questões de classe, etnia, marcadores geográficos, valores pessoais e, por quê não, condições de trabalho. Esse assunto, que tem contribuído para o debate público sobre as vivências das mães trabalhadoras, chega ao nosso Fala SINTET passado o domingo de dia das mães.

Convidamos Jussara Coelho para conversar um pouco sobre esse assunto com nossos ouvintes. Jussara é mãe da Malu, Jornalista na UFU, Mestranda e faz parte do Comando Local de Greve.

Seja bem-vinda, Jussara. 

(Jussara) Olá, ouvinte do Fala SINTET, primeiramente gostaria de agradecer o convite para falar sobre mães trabalhadoras, um assunto que me afeta, me atravessa e me constitui. Eu sou Jussara Coelho, atuo como jornalista há mais de dez anos na Diretoria de Comunicação da Universidade Federal de Uberlândia, sou pesquisadora, faço mestrado no programa de pós-graduação em Tecnologias, Comunicação e Educação, aqui da UF também, faço parte do comando de greve, sou mãe solo de uma menina encantadora de quatro anos e meio, que se chama Maria Luísa Coelho e que eu chamo carinhosamente de Malu. Quero começar dizendo que filha, você é a melhor parte de ser mãe, eu amo você ao infinito e além. E que a maternidade, ela colocou uma lente de aumento em minha visão de mundo, né, porque a. Apesar de sentir empatia pelas mães, por essas mulheres que são mães, existiam alguns elementos que constituíram a minha experiência de ser mãe que eu não conseguia entender. Eu acho que é inexplicável para aqueles e aquelas que não passaram por isso. Então, assim, não quero desmerecer a maternidade de ninguém, porque eu estou falando da minha experiência. E nela a gravidez foi cheia de intempéries, tem a questão dos hormônios, as dores. Os locais de trabalho e demais lugares que eu acessava que são inapropriados por uma mulher grávida, a falta de preparo de gestores no tratamento, a própria sociedade que por diversas vezes cobra de nós mães trabalhadoras, grávidas, com filhos pequenos e também com filhos maiores que a gente performa, mesmo estando ou gestante, com um filho pequeno, da mesma maneira que a gente performava anteriormente a gravidez ou a maternidade, que a gente seja tal qual. Entregue os nossos colegas homens, e nessa sociedade machista e patriarcal que a gente vê, em que os homens são os privilegiados em sua maioria, eles não desempenham 10% do papel que a gente desempenha na criação de uma criança, e no meu caso é 0%, pois eu sou a mãe solo de uma criança. E aí, dessa maneira, nesse mês que se dá destaque às mães, é o momento da gente repensar a maternidade, e tirar a maternidade desse lugar do romantismo e falar sobre a maternidade real, a maternidade possível. Eu amo ser a mãe da Malu, mas além da mãe da Malu, eu também sou mulher, jornalista, pesquisadora e tenho qualidades e defeitos. Eu acredito que repensarmos a questão dessa invisibilização do trabalho que dá à maternidade é. É a primeira postura que nós mães temos que adotar para essa transformação acontecer. A gente não é mártir, a gente não é naturalmente mártir, a gente não não é natural a maternidade para a gente, da forma que a cultura tenta conceber, né, fazer com que a gente sinta. Então por isso a gente tem que falar assim que os espaços não estão preparados para receber nós mulheres grávidas, com nossos bebês, pois quantas vezes a gente não vai para um lugar que não dá para amamentar, que não tem um lugar para a gente aquecer uma mamadeira, que a gente não consegue acessar por ter criança pequena, por ser perigoso, mas eles nos querem lá e querem que a gente esteja lá como se mães não fôssemos, né? Então eu acho que a gente tem que sempre falar não posso e reclamar no sentido de fazer com que a sociedade se mova em prol de tornar todos os ambientes possíveis para uma mãe.

(Raissa) Esse foi o FALA SINTET-UFU dessa semana! Você pode conferir mais informações em nosso site e em nossas redes sociais. Ótima semana a todas e todos e até o próximo programa!

14 de maio de 2024