Fala SINTET-UFU | 17 de maio de 2023 | Dia Internacional de Combate à LGBTfobia

PROGRAMA FM UNIVERSITÁRIA – 17 de maio de 2023

(Raissa) Olá, companheiras e companheiros ouvintes da Universitária FM, eu sou Raissa Dantas e está no ar o FALA SINTET-UFU.

Essa quarta-feira, 17 de maio, é o Dia Internacional de Combate à LGBTfobia, um dia de lutas que inspira a reflexão sobre a necessidade da educação para a diversidade. 

O ambiente escolar, desde os anos iniciais, pode produzir ou reproduzir diversas violências que provocam um processo cíclico de exclusão. Numa pesquisa realizada pelo defensor público João Paulo Carvalho Dias, presidente da Comissão da Diversidade Sexual da OAB, estima que 82% das pessoas trans e travestis tenham abandonado os estudos ainda na Educação Básica no Brasil.

Algumas medidas simples podem ajudar no combate à transfobia nos ambientes escolares, seja pelo respeito ao nome social, ou pela garantia da segurança do uso do banheiro próprio à identidade de gênero das pessoas trans e travestis.

Além disso, outras medidas são pautadas pelos movimentos populares de pessoas trans e travestis, como por exemplo a implementação de políticas afirmativas. Neste sentido, para conversar com a gente sobre essas questões, convidamos Mariana Miranda, que é Militante da juventude Travessia, Subverta, Psol e da Coletiva Lacraia. É também Mestranda em estudos literários, cientista social e Travesti. 

Seja bem-vinda, Mari.

 (Mariana) Salve ouvintes do Fala Sintet, salve obrigada pelo convite, uma delícia tá falando aqui com vocês, pra pensar um pouquinho sobre essa reflexão, né? Sobre violência transfóbica no ambiente educacional, eu acho que seria interessante primeiro a gente falar sobre educação básica pra depois discutir um pouco sobre a relação com as universidade né? E até pra gente entender o porquê da necessidade de pautar políticas de ações afirmativa com as cotas pra ingresso as universidades, pra população do transito travesti. Eh tal qual qualquer outro espaço de produção de pra esse sistema capitalista, como são vistos os espaços educacionais, né? Como são vistos das escolas, das universidades pelo sistema capitalista, as relações são organizadas a partir do gênero, uma vez que esse é um dos dos pilares que sustentam a forma como eh esse sistema opera e funciona em seus moldes ótimos né? Eh uma uma reflexão interessante sobre isso pra pensar a vivência da população trans dentro desse espaço é refletir exatamente sobre onde se coloca principalmente a população travesti eh dentro das dinâmicas da e das relações de trabalho dentro desse sistema né? Eh há uma uma maioria expressiva gigantesca da população travesti hoje eh de dentro da prostituição, né? E isso se dá desde o processo de evasão ou expulsão né? Da população trans do eh ambiente educacional e o direcionamento para o mercado informal da prostituição pra uma parcela grande da população travesti hoje, né? Eh e isso tem uma um valor na produção, né? Desse sistema capitalista também, na forma como é organizado inclusive a família, né? A prostituição tem um lugar importante na manutenção da família, dentro desse né? Então não a toa a população trans não está conseguindo permanecer dentro do ambiente educacional. Porque não é pensada pra permanência dessa população que o sistema organiza essa população pra estar em um outro se
de trabalho que não deveria dialogar segundo eh essa dinâmica do funcionamento capitalista com eh o ambiente educacional, né? Então quando quando não estamos na no educacional é porque fomos expulsas e quando estamos estamos invadindo, estamos permanecendo, né? Estamos a a rebeldia, né? Dentro desses espaços, né? Eh e isso é curioso pra gente pensar porque é realmente uma um desafio enfrentar o ensino fundamental e médio sendo uma uma pessoa trans e quando superamos esse espaço ingressamos a a universidade né? A gente veio, viu um aumento da população travesti ingressando nas universidades a partir das cotas raciais e sociais ingressarmos nesses espaços enfrentamos violências muito similares e até intensificação de algumas né? Como produção de pseudociências trans excludentes né? Como a o feminismo radical trans-excludente se validando em consciências no ambiente acadêmico e servindo de de de ferramenta pra perseguição da população trans mais uma vez nesse ambiente eh e e narrativas pseudoprogressistas que visam incluir minimamente casais LGBCis, mas que mantém a exclusão de uma parcela expressiva da população trans e da população LGBT como um todo a margem né? Eh ignorando totalmente os acúmulos do nossos movimentos pra tornar esses espaços anti LGBT fóbicos de fato e uma alternativa pra pensar isso é para além da política de cotas porque ela tem a sua importância pra garantir que a gente entre são políticas de de permanência que lhes vem de fato garantir saúde, segurança, direito a registro civil, direito a nome social e espaços pra que a gente possa denunciar de fato as violências transfóbicas que acontecem em todos os processos. Desde a matrícula ao a colação de grau com toda toda a população trans que acessaram os ambientes educacionais, né revogação imediata da reforma do ensino médio. 

(Raissa) Mariana, nós agradecemos muito as suas contribuições.

E esse foi o FALA SINTET-UFU dessa semana! Você pode conferir mais informações em nosso site e em nossas redes sociais. Ótima semana a todas e todos e até o próximo programa!

15 de maio de 2023