Fala SINTET-UFU | 19 de outubro de 2022

PROGRAMA FM UNIVERSITÁRIA – 19 de outubro de 2022

 

(Lorena) Olá, companheiras e companheiros ouvintes da Universitária FM, eu sou Lorena Martins e está no ar o FALA SINTET-UFU.

Nos últimos meses as ruas de diversas cidades brasileiras estampavam colagens com a frase: O BRASIL PIOROU, TÁ TUDO CARO. Logo a campanha ocupou as redes, onde atingiu os trending topics de assuntos mais comentários. A maioria das postagens se tratava sobre alta da inflação, o aumento do preço do botijão de gás, da gasolina, dos produtos no supermercado e a elevação do custo de vida.

Estima-se que hoje, no Brasil, mais de 33 milhões de pessoas passam fome.

E no Fala SINTET dessa semana conversaremos um pouco sobre isso com a professora Raquel de Azevedo, que é doutora em filosofia e docente do Instituto de Economia da UFU.

Seja bem-vinda, Raquel.

 

(Raquel) Pra fazer uma uma análise do governo Bolsonaro, dos aspectos econômicos, do governo Bolsonaro, de fato a primeira coisa que salta aos olhos é o impacto negativo que essa elevação do nível de preços tem na renda média do brasileiro e como isso deteriorou de fato o nosso modo de vida, né? Mas a minha proposição aqui é, de alguma maneira, dar uma espécie de  passo atrás porque a gente poderia pensar no governo como na verdade um aprofundamento de algo que é anterior ao governo Bolsonaro, que na verdade se iniciou então com o governo Temer, mais particularmente com a Emenda Constitucional 95, do famigerado teto de gastos né? A medida então que a gente tem essa regra que obriga o governo a reajustar os seus gastos apenas através da inflação o que a gente tem é como todo, que já existe um certo consenso entre os economistas né, de que o efeito mais direto disso é uma compressão dos gastos não obrigatórios, né? Dos gastos discricionários e isso é um processo ativo de destruição do estado, de produção de uma incapacidade de atuação do estado, né? A gente pode pensar por exemplo em como os estoques reguladores vem diminuindo de maneira significativa e tem uma uma virada de diminuição muito marcada a partir do governo Temer que se acentua no governo Bolsonaro né? Por exemplo produtos como arroz, milho e café que tinham estoques razoáveis lá em comparando assim dados de janeiro de 2010 e por exemplo, com dados de setembro de 2022, tiveram uma redução bastante drástica assim nesses estoques, mas tem um outro item que é mais dramático ainda que é o feijão. Em janeiro de 2010 os estoques de feijão estavam na casa de 140mil toneladas, a partir de 2017 não há estoques de feijão.

Além disso, a gente também poderia pensar, na verdade, em como o governo brasileiro tem atuado, por exemplo, junto à Petrobras, né, que também o valor do preço dos combustíveis também tem um impacto muito grande na inflação. Então, a gente pode pensar isso em duas frentes, na verdade, na Petrobras. Isso aparece, por exemplo, na política de preços da Petrobras, né, que acompanha os preços internacionais. Além disso, ainda em relação a Petrobras, a gente poderia pensar que aquele aspecto mais amplo, né, que explica a política econômica do Bolsonaro que é produzir ativamente a incapacidade de atuação do Estado, que essa produção ativa da incapacidade de atuação do Estado ela aparece de várias maneiras, aparece na incapacidade de combater a inflação e aparece um enfraquecimento de uma empresa que tem uma capacidade tão grande de gerar emprego e investimentos somente pela sua capacidade de produção, né?

Então toda essa destruição, essa produção ativa de uma incapacidade de atuação de uma empresa como essa  é um verdadeiro de um tiro no pé, né? E hoje em dia assim pra finalizar que não existe a gente imaginar um futuro pro Brasil que não olhe de alguma maneira para os trabalhadores que hoje a gente chama de subempregados, esses trabalhadores que trabalham menos horas do que gostariam, o subemprego em geral né? É esse trabalho que de certa maneira tem caracterizado cada vez mais o mercado de trabalho brasileiro, né? Então é a partir dele que se tem que pensar qualquer tipo de política. É esse trabalhador precarizado que tem que ser um objeto da organização e da política. É dele que tem que vim as saídas, né? É isso, muito obrigado.

 

(Lorena) Nós agradecemos a sua participação, professora Raquel.

E esse foi o FALA SINTET-UFU dessa semana! Você pode conferir mais informações em nosso site e em nossas redes sociais. Ótima semana a todas e todos e até o próximo programa!

18 de outubro de 2022