Fala SINTET-UFU | 21 de junho de 2023 | A democratização da gestão do HU-UFU

PROGRAMA FM UNIVERSITÁRIA – 21 de junho de 2023

(Raissa) Olá, companheiras e companheiros, aqui é Raissa Dantas e nesse Fala SINTET-UFU vamos conversar sobre o que tem acontecido no Hospital de Clínicas da UFU. Sintonize suas lutas!

Na última semana, nos dias 13 e 14 de junho, o sindicato esteve no HC-UFU pra fazer duas assembleias setoriais. A pauta, que pode ter causado estranhamento em alguns, em especial às pessoas que não trabalham no HC, foi sobre uma campanha pela democratização da gestão e relações de trabalho no hospital.

Então vocês podem estar se perguntando: o que tem acontecido neste ambiente de trabalho pra que as pessoas precisassem se mobilizar por algo que seria básico, como a democracia?  Pensando nisso e na necessidade de dialogar com a população, especialmente às pessoas que utilizam o SUS por meio do HC-UFU, consideramos importante apresentar alguns dos pontos que motivam tal campanha para todos nossos ouvintes. 

Convidamos Márcia Dutra, que é técnica laboratorial no HC-UFU e coordenadora do SINTET-UFU para conversar com a gente sobre esse assunto. Seja bem vinda, Márcia. 

 

(Márcia) Olá Raissa, olá ouvintes do Fala SINTET-UFU. Eu sou Márcia Dutra, trabalhadora do HC-UFU há 31 anos, com formação de técnica de laboratório e doutorado em física.

O que tem ocorrido no Hospital de Clínicas é o seguinte, desde 2018 o HC da UFU fez adesão à EBSERH. A EBSERH tem funcionado como um uma intermediária, porque antes a UFU tinha os recursos diretamente do MEC e trabalhava diretamente com o Ministério da Saúde e etc. E agora nós temos a EBSERH como uma intermediária, uma contatada que não tem cumprido o seu papel, está na sua lei de criação que foi de 2011, a lei número 12550. E quem fala isso não é somente eu e os funcionários que têm sentido isso na pele. Até mesmo um relatório de avaliação da CGU (Controladoria Geral da União) de maio de 2020, um mostra que os indicadores e metas definidos, não estão alinhados com sua lei de criação.

E o que que o que a gente vê é que o HU (Hospital Universitário), todos os HUs do Brasil têm uma importante formação de profissionais, além do desenvolvimento de ensino, pesquisa, extensão, inovação e também na prestação de serviço à sociedade a qual ele está inserido. Então, a manutenção desses HUs sempre foi um grande desafio, né? O reflexo da política econômica neoliberal que não compreende esses HUs com uma política pública pra garantir os direitos sociais, apesar do grande volume de impostos que a gente paga.

E o que a gente tem visto é que a EBSERH foi uma criação mais para garantir cargos, porque a gente vê uma grande quantidade de cargos colocada, por exemplo, entre uma unidade e a direção do hospital. Agente vê uma criação enorme de cargos que funciona mais, na nossa visão de trabalhador, como um telefone sem fio. E além de tudo, está tendo um grande autoritarismo em todos os HUs. É uma gestão verticalizada que tem feito uma mudança de objetivos e missão dos HUs, que são universitários e acadêmicos. Além do adoecimento dos trabalhadores. A EBSERH não tem cumprido a reposição da força de trabalhadores que foi prometida, a centralização da gestão tem sido deletéria pra todos os HUs, porque ela faz licitações e compras a nível nacional, às vezes de produtos que não tem uma qualidade necessária e nem são tão importantes pra realidade de cada HU, que tem complexidades diferente.

Então esse modelo de transferência de patrimônio público não tem resolvido o problema pra completar o HU. E ainda tem o problema da gestão do município, que infelizmente a gestão do município e do estado de Minas Gerais, não cumpre o seu papel de atender a saúde básica da população, já que o cidadão vai várias vezes na UAI e ali o seu problema não é resolvido e ele acaba procurando o pronto-socorro da UPA. O pronto-socorro da UPA está lotado, com funcionários adoecidos e esse fluxo acaba limitando, vamos falar assim. Porque a visão de formação de profissional acadêmica, está sendo suprimida pelo atendimento, vamos falar assim, ao fluxo do município que despeja aqui a população que não é adequadamente atendida.

Então o prefeito Odelmo e a nova gestão da Secretaria de Saúde no município precisa cumprir o seu papel, apesar de ter melhorado um pouco, ainda está muito aquém do atendimento que o cidadão precisa. E os trabalhadores da UFU precisam que a EBSERH volte aos seus princípios de SUS, com o atendimento e uma democratização da sua gestão e que a Reitoria da UFU cumpra o papel de fiscalizadora dessa empresa que é contratada do hospital. Então a população precisa ser bem atendida e os funcionários precisam não estar adoecidos para atender a população.

Foi um prazer, Raissa, ter participado do Fala SINTET. Um abraço.

 

(Raissa) Nós agradecemos muito seu relato, Márcia. E esse foi o FALA SINTET-UFU dessa semana! Você pode conferir mais informações em nosso site e em nossas redes sociais. Ótima semana a todas e todos e até o próximo programa!

20 de junho de 2023