Fala SINTET-UFU | 23 de fevereiro de 2022

(Raissa) Olá, companheiras e companheiros ouvintes da Universitária FM, eu sou Raissa Dantas e está no ar o FALA SINTET-UFU. Hoje, nós vamos falar sobre a relação entre o aumento da inflação e a diminuição do poder de compra do salário dos trabalhadores e das trabalhadoras. Para explicar melhor esse tema, nós vamos conversar com Henrique Souza, que é Doutor em economia e Técnico-Administrativo em Educação na UFU. Seja bem-vindo, Henrique.

 

(Henrique) Olá! Bom dia, boa tarde, boa noite para quem está nos ouvindo, meu nome é Henrique Souza eu sou economista pesquisador do CEPES, que é um centro de pesquisa em economia da UFU e mensalmente calculo o índice de preços de Uberlândia; e hoje eu tenho prazer de estar conversando aqui com vocês. Muito obrigado pelo convite.

 

(Raissa) Henrique, então pra gente iniciar a nossa conversa, eu gostaria de te pedir pra você falar um pouco sobre o que é a inflação.

 

(Henrique) Bem, primeiro é importante deixar claro o que é a inflação. A inflação consiste no aumento generalizado de preços. Por exemplo, o CEPES para calcular o seu índice de inflação, coleta aproximadamente 8 mil preços, certo? Assim de forma simples, se a maioria dos produtos apresentar variação positiva de preço de um determinado período, então na média temos a inflação. Dito isso, se a maioria dos produtos apresentaram variação positiva dos seus preços, por exemplo, no ano, como foi em 2021 para Uberlândia que a inflação foi de 8,47% e o salário dos servidores federais não se alterou nesse período, isso quer dizer que o poder de compra desses trabalhadores reduziu em 8,47%. Ou seja, os trabalhadores são forçadas a reduzir em 8,47% o consumo de bens e serviços, uma vez que o salário manteve-se o mesmo e a inflação corroeu a capacidade desse salário de adquirir novos bens e serviços.

 

(Raissa) Importante entender um pouco melhor esse fenômeno que as trabalhadoras e trabalhadores conhecem bem, né, cada ida ao mercado, à farmácia, faz com que a gente entenda na prática e sinta na pele o que significa essa diminuição do poder de compra. E seguindo nesse assunto, neste ano o governo aprovou um aumento de salário apenas para os servidores da segurança pública, o que significa que as demais categorias, inclusive os Técnico-Administrativos em Educação, seguem sem reajuste há 5 anos. Como isso afeta o poder de compra desses trabalhadores e trabalhadoras?

 

(Henrique) Após a explicação anterior, fica claro o efeito da inflação sobre a vida dos trabalhadores, ainda mais se esses ficam muito tempo sem o reajuste dos seus salários. No caso dos técnicos administrativos em educação que não tem reajuste dos seus salários desde 2017, e que a inflação desse ano pra cá no Brasil foi de 28,35%, isso quer dizer que o salário real desses trabalhadores hoje é 28,35% menor do que era em 2017, afetando diretamente o poder de compra desses. Na verdade, é como se os salários diminuíssem todos os dias e, mesmo após 5 anos reduzindo-se consecutivamente, não se tem previsão ainda da recomposição dessas perdas para os trabalhadores. Entendo que é legítimo de direito que todas as categorias reivindiquem a recomposição de seus salários, ainda mais após tantos anos sem reajuste. Sabemos também que os últimos anos tem sido difíceis para a economia e consecutivamente as contas do governo. Todavia, boa parte dos servidores públicos também já fizeram um enorme sacrifício nesses últimos 5 anos, com a queda dos seus salários reais. Lembrando que a própria regra do orçamento federal leva em conta a inflação, ou seja, todos os anos é liberado para o orçamento um aumento nominal igual ao da inflação passada, e se esse aumento não está indo para recomposição dos salários, ele está indo para outro lugar. Além disso, é importante destacar que aproximadamente 63% dos Servidores Públicos recebem até cinco salários mínimos, que corresponde, segundo pesquisas, ao mínimo necessário para sobrevivência de uma família. Ou seja, nós não estamos falando de privilegiados, né, estamos falando de trabalhadores que tem condições mínimas e que essa recomposição é essencial, pois a cada ano que a inflação pega esses trabalhadores, a perda de poder de compra é representativa na vida dessas famílias.

 

(Raissa) Nós agradecemos muito a presença do Henrique Souza nessa edição do FALA SINTET-UFU. E pra saber mais sobre essa e outras pautas importantes para a categoria, acompanhe o site do SINTET-UFU: www.sintetufu.org

 

E esse foi o FALA SINTET-UFU dessa semana! Você pode conferir mais informações em nosso site e em nossas redes sociais. Ótima semana a todas e todos, se cuidem e até o próximo programa!

 

22 de fevereiro de 2022