Fala SINTET-UFU | 23 de novembro de 2022

PROGRAMA FM UNIVERSITÁRIA – 23 de novembro de 2022

(Raissa) Olá companheiras e companheiros ouvintes da Universitária FM, eu sou Raissa Dantas e está no ar o Fala SINTET-UFU. Nessa sexta-feira dia 25 de novembro, é celebrado o dia internacional pela eliminação da violência contra a mulher, que pretende denunciar mundialmente a violência de gênero e exigir políticas em todos os países para sua erradicação.

Para falar sobre esse assunto com os nossos ouvintes, convidamos Eloíse Moreno, que é tesoureira da ONG SOS Mulher e Família Uberlândia e co-fundadora do coletivo FAPO, feminismo de ação popular. Eloíse milita no combaye à violência doméstica e pela garantia dos direitos reprodutivos. Seja bem-vinda, Eloíse.

 

(Eloíse) Olá, Raíssa. Olá, todas, todos e todes ouvintes do Fala SINTET, espero que todo mundo esteja bem. Gostaria primeiramente de agradecer pelo convite do FALA SINTET através da Raissa, pra nós falarmos nesse espaço sobre um assunto tão importante e urgente como o combate à violência contra as mulheres. Bom, qual a atual situação do Brasil em relação a esse tema? A situação é bem feia, né gente? Nos últimos quatro anos nós tivemos um total desmonte nas políticas públicas e no orçamento voltado para os direitos e segurança das mulheres, o índice de feminicídio que era de 1.1 pra cada 100 mil mulheres em 2018 passou pra 1.2 a cada 100 mil em 2021. A taxa de violência doméstica quase que dobrou entre 2018 e 2021, de 126.2 incidentes pra cada 100 mil mulheres pra 221.4, esses dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. E nós seguimos sendo o quinto país que mais mata mulheres no mundo. Já o orçamento destinado no combate à violência contra as mulheres teve um corte de 94% no atual governo. E trazendo isso pra nossa cidade. O que nós temos? Nesse ano a nossa ONG, a SOS Mulher e Família fez 1946 atendimentos na cidade de Uberlândia, nós prestamos serviço social, psicológico e orientação jurídica de forma gratuita pras vítimas de violência doméstica na nossa cidade. Nós temos também, dentro do que nós chamamos de rede de proteção às mulheres em Uberlândia: a Delegacia da Mulher, a PPVD, que é a Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica, o SIM, que é a Diretoria da Mulher e o aplicativo Salve Maria. Todos esses órgãos são ou da prefeitura ou do estado. Apenas a nossa ONG que é uma iniciativa da sociedade civil. Com a pandemia nós observamos além do aumento de casos de violência contra as mulheres houve também um aumento na gravidade desses casos, tem chegado pra nós casos cada vez mais graves de violência. Por outro lado, pouca coisa tem sido feita pra dar conta dessa nova realidade. As políticas públicas em favor das mulheres estão estagnadas. Em relação as novas demandas que surgiram em função da pandemia. Não podemos esquecer também que as pessoas mais afetadas pelo desemprego nos últimos 2 anos foram as mulheres, que foram obrigadas a abrir mão dos seus serviços pra ficar em casa tomando conta dos filhos, já que as escolas estavam fechadas em função da pandemia. E praticamente nada foi feito em relação a isso. No auxílio de fazer essas mulheres retornarem ao mercado de trabalho. O número de famílias em situação de extrema pobreza cresceu quase 60% em Uberlândia. E nós sabemos que a pobreza tem cor e gênero. A pobreza é composta de mulheres, majoritariamente por mulheres negras, que são mães solo. O que eu percebo e tenho refletido muito sobre, é que me parece que foi tanta violência e tragédia naturalizada nesses últimos 4 anos que a população parece estar adormecida, amortecida em relação as injustiças que nós sofremos. Além do ultra individualismo propagado nesse governo. Onde a luta coletiva e a solidariedade foram totalmente demonizadas. E nós temos tido muita dificuldade em mobilizar a população. Até mesmo as pessoas que se identificam com as causas, as mulheres, por exemplo, pra que somem com a gente nessa luta em prol de um bem comum e pela igualdade. Porque não há liberdade, não há emancipação que não seja pela coletividade e solidariedade, né? Então, eu deixo o convite pra que a gente se mobilize, se articule, se solidarize em prol de uma sociedade de bem comum.

 

(Raissa) Eloíse, nós agradecemos muito a sua participação. E esse foi o FALA SINTET-UFU dessa semana. Você pode conferir mais informações em nosso site e em nossas redes sociais. Uma ótima semana a todas e todos e até o próximo programa.

22 de novembro de 2022