Fala SINTET-UFU | 28 de dezembro de 2022

PROGRAMA FM UNIVERSITÁRIA – 28 de dezembro de 2022

 

(Lorena) Olá, companheiras e companheiros ouvintes da Universitária FM, eu sou Lorena Martins e está no ar o FALA SINTET-UFU.

Estamos encerrando um ano e nos organizando pra iniciar outro. Dentre as suas escolhas, o que tem ocupado mais espaço na sua vida e no seu cotidiano? Em uma realidade onde o individualismo nos fragiliza e a conjuntura política e econômica nos afeta de maneira tão profunda, como você se coloca em meio a isso tudo?

Nessa edição, vamos falar sobre a importância de se organizar coletivamente e sobre essa mesma organização política na centralidade de nossas vidas. Pra isso eu convido a Dafne Boni, que é psicóloga, mestranda em saúde coletiva na Universidade Federal do Paraná e militante da Intersindical. Dafne, seja bem-vinda!

 

(Dafne) Olá, eu me chamo Dafne, eu sou militante da Intersindical, que é um instrumento de luta e organização da classe trabalhadora. Pelo que eu acompanhei esse ano, vocês tiveram muitas lutas, mobilizações coletivas que culminaram em conquistas fundamentais. E pra manutenção da vida mesmo, né? E aconteceu junto com vários setores da universidade. Tiveram uma resistência no hospital universitário por meio da greve sanitária, que possibilitou mais acesso aos EPIs. Pra além dessa proteção individual que tem papel, mas também tem seus limites, eu enfatizo a importância pra produção de vida e manutenção de saúde que foi a proteção coletiva com o dimensionamento da força de trabalho, aumentar a capacidade né, do trabalho, com a quantidade de pessoas trabalhando, redistribuindo setores, diminui a intensidade do trabalho e o desgaste no trabalho mesmo, né? Que consequentemente tá vinculado com a produção de adoecimento. Junto disso, mantiveram a qualificação da força de trabalho por meio da manutenção da carga horária pra capacitação incorporada na jornada de trabalho. Uma conquista histórica que serve de exemplo pra outros setores da classe reivindicarem também. Junto disso ampliaram o número de setores com flexibilização pra 30 horas semanais no HC. Essa redução da jornada ela produz possibilidade de ampliar espaços de lazer, de cuidado e tem impactos diretos na saúde e na qualidade do trabalho. Poxa, faz muita diferença a gente tá descansada pra escuta das demandas, pra qualidade no raciocínio, tanto pra lidar com as urgências no dia a dia, né, o cuidado mais atento aos procedimentos. Então a tendência ao diminuir a jornada, é diminuir o dito acidente de trabalho. Tiveram uma conquista de não ter mais o desconto previdenciário sobre o adicional por plantão hospitalar. Ter mais salário, vai possibilitar ampliar os acessos a produtos que a maioria da humanidade que trabalha, produziu. Isso é uma forma humanização. Em outros setores conquistaram a implementação do teletrabalho, a partir da resolução do conselho diretor. Ter essa possibilidade pode contribuir pra reorganização da vida, né? Que ampliou outras atividades pra além da lógica “casa trabalho, casa trabalho”. E quem é assalariado pela fundação, a FUNDAP, teve um reajuste salarial de 15% no acordo coletivo dos trabalhadores. E um momento de muitos retrocessos em âmbito nacional, conquistaram cerca de 4% do aumento real. Sem luta jamais teria essa conquista. Uma resistência importante pra barrar algumas formas de assédio das chefias que foi a luta contra as alterações arbitrárias nas escalas de trabalho. Essas formas de autoritarismo também são formas de limitar a nossa autonomia e protagonismo. E isso faz muita diferença pra nossa saúde e doença. Ao meu ver, esses são os maiores presentes que vocês poderiam se dar. Que neste momento de transição de ano, reflexão sobre o que vivemos, que este percurso relembre o papel fundamental de nos enxergarmos como seres sociais. E mais, né? Que numa divisão social entre uma galera que tem os meios de produção de vida e a galera que trabalha, nós classe trabalhadora, nós por nós, precisamos estar conectados, unidos em luta coletiva pra mudar  nossas condições de vida. A todo momento a lógica dominante diz que é o individualismo, a competitividade que impera e que é o caminho. Mas na história da humanidade a gente vê que é coletivamente que avançamos. Na unidade e camaradagem que seguimos. Quanto mais presença e prioridade nós damos pras lutas, mais possibilidade de resistência. E um alerta: tudo que se conquista, precisa ser mantido. A união e resistência são base, não podemos recuar seguindo a vida como se tudo tivesse dado. Porque a luta de classes permanece e a burguesia com seu estado segue em alerta pra nos atacar. Vocês são exemplo pra todos nós, dão força pra outras lutas e pra avançar nas conquistas sem nenhum direito a menos. Desejo um bom fim de ano, na satisfação das nossas conquistas nas urnas, mas principalmente nas ruas com a luta coletiva e cotidiana que são essenciais em nosso caminhar. Firmes!

 

(Lorena) Esse foi o Fala SINTET-UFU dessa semana. Você pode conferir mais informações em nosso site e redes sociais. Ótima semana a todas e todos, um feliz ano novo e até o próximo programa!

22 de dezembro de 2022