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Mexeu com uma, mexeu com todas

 

 

Mulher

 

“Viemos à reitoria/ Exigindo melhoria/ Frida Kahlo e Ismene são a nossa inspiração/ Para combater o machismo da nossa nação/ Defendendo as mulheres contra a opressão/ Temos no feminismo um caminho pra mudar/ Vem que a UFU é pra lutar!”

O canto e os tambores deram ritmo ao protesto “UFU, sou mulher. Não vou me calar!”, nesta sexta-feira (25/09). Centenas de alunas (e alguns alunos) se reuniram no espaço conhecido como Jambolão e marcharam até o prédio da Reitoria, no campus Santa Mônica, para pedir mais segurança para as mulheres que transitam pelos campi da universidade.

O protesto foi motivado pela tentativa de estupro sofrida por uma estudante de Física Médica, na última segunda-feira (21/09), no bloco 3D do campus Santa Mônica. Mas as manifestantes garantem que esta foi a gota d’água que transbordou o copo cheio de opressão sofrida pelas mulheres.

“Queremos que a administração superior da universidade crie uma política de gênero, porque nós mulheres somos violentadas diariamente com assédio, piadinhas machistas e isso legitima o ocorrido de segunda-feira”, defende Raphaella Portes, aluna do curso de Geografia.

“A gente entende que o caso de violência não é só de fora para dentro. Eles ocorrem nos ambientes de trabalho, aqui na UFU e dentro das salas de aula. E não existe nenhum tipo de amparo ou incentivo à mulher para se rebelar contra isso”, protesta Bárbara Torres, estudante de Relações Internacionais.

Entre os meninos que participaram da manifestação estava Pedro Tolentino, do curso de Direito, que explica: “eu vim na manifestação porque eu acredito que o ato de tentativa de estupro tem uma relação com o machismo e a misoginia arraigados socialmente”. Pedro é militante do movimento de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros e entende que a causa LGBT e a feminista estão diretamente relacionadas.

O diretor de Assuntos Estudantis da UFU, Leonardo Barbosa e Silva, afirma que a posição oficial da reitoria é de completa solidariedade e apoio à causa. “A reitoria tem feito vários esforços, inclusive, com a proposta de criação da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis, que contempla a criação de uma divisão de combate às discriminações”, explica o professor. “O machismo, o sexismo, as discriminações e a violência contra a mulher são problemas que estão infiltrados na cultura e na história da sociedade e se manifestam também na universidade”, avalia.

Consun cria comissão sobre segurança das mulheres

Depois de marcharem pelo campus, as alunas escolheram um grupo com aproximadamente dez meninas – entre elas, trans e negras, intencionalmente selecionadas com o cuidado de contemplar a diversidade de mulheres do movimento – para participar da reunião do Conselho Universitário (Consun), agendada para a tarde desta sexta-feira.

As estudantes entregaram ao reitor e aos conselheiros o abaixo-assinado construído em reunião na terça-feira (22/09), que já reúne cerca de mil nomes e pode ser assinado até a próxima semana pela internet (clique aqui para ler e/ou assinar). As manifestantes expuseram suas preocupações ao conselho e relataram casos de discriminação praticados por estudantes e até professores contra as alunas, principalmente por meio de piadas de cunho sexista e assédio na forma de “cantadas”.

O reitor Elmiro Santos Resende garante que a atual gestão da universidade atuará no combate a esse tipo de problema. “Esse movimento que vocês encabeçam neste momento conta com total apoio da nossa gestão. Nós queremos resolver ou pelo menos encaminhar propostas nesse sentido. É um problema social grave, não só nesse país, mas isso não tira nossa responsabilidade de combater duramente esse tipo de ação dentro da nossa universidade”, afirma o reitor.

Entre as propostas apresentadas pelas estudantes, detalhadas no abaixo-assinado, uma delas foi aprovada, de imediato, pelo Consun: a criação de uma comissão composta por três alunas, três técnicas e três professoras para estudar medidas que garantam a segurança das mulheres nos campi da UFU.

A comissão vai apreciar as propostas já elaboradas pelo movimento, como a elaboração do Guia da Caloura, o treinamento dos seguranças terceirizados, a criação de uma ouvidoria especializada e a conscientização de alunos e servidores, a fim de que a segurança e a integridade física e mental de alunas, professoras, técnicas e profissionais terceirizadas sejam garantidas nos campi da UFU.

Fonte: Comunica UFU

28 de setembro de 2015