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Nota da Coordenação Colegiada do SINTET-UFU a respeito da prisão de Lula e os desafios para a conjuntura política do país

“Se podes olhar, vê.
Se podes ver, repara”
Livro dos Conselhos

No último Sábado (7/4/2018), presenciamos com uma grande cobertura midiática a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Lula), saindo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista em direção à Curitiba-PR. Tal fato ocorreu após o Supremo Tribunal Federal (STF) indeferir o habeas corpus solicitado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o juiz Sérgio Moro decretar a prisão de Lula. Nessa conjuntura conservadora é de se estranhar o fato de que o presidente ilegítimo Michel Temer e o senador Aécio Neves, suspeitos de corrupção e com excesso de provas, continuem soltos e ocupando cargos de foro privilegiado. Enquanto isso, o processo contra o candidato à presidência da república, apontado em primeiro lugar nas pesquisas eleitorais, foi acelerado e passado à frente de sete ações da Lava Jato pelo Tribunal Federal Regional da 4ª Região (TRF4).

Desde fevereiro de 2016, o SINTET-UFU se posicionou contra o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff que se configurou como um golpe jurídico-midiático-parlamentar.

O SINTET-UFU, em conjunto com a FASUBRA Sindical, historicamente trilhou o caminho de lutas em defesa do serviço público, dos direitos sociais da classe trabalhadora e por melhores condições de vida e de trabalho. Nesse sentido, realizamos greves, caravanas e mobilizações contra todos os governos que atacaram as trabalhadoras e os trabalhadores. Organizamos diversas lutas durante os governos de Lula e Dilma, do PT, e realizamos diversas greves (2003, 2004, 2005, 2007, 2012, 2014 e 2015). Temos duras críticas às várias medidas que os governos petistas utilizaram contra a classe trabalhadora, em virtude da falida estratégia da conciliação de classes. A FASUBRA e o SINTET-UFU sempre atuaram com protagonismo na luta contra as retiradas de direitos e pelo avanço das conquistas.

Mas, da mesma forma que o SINTET-UFU sempre lutou em defesa de direitos sociais, o nosso sindicato convocará a categoria nesse momento para, também, lutar pelos direitos democráticos. Sendo assim, não podemos aceitar que Lula seja condenado e preso nos marcos de um julgamento político, que serve ao único objetivo de tirá-lo da disputa eleitoral.

Isso não significa apoiar o projeto político do PT o qual essa coordenação sempre se posicionou criticamente, mas sim, defender a preservação de uma tímida democracia que temos no Brasil, conquistada há duras penas, e, consequentemente, o direito de Lula ser candidato, para ser derrotado ou vitorioso nas urnas. Não podemos compactuar com setores do judiciário brasileiro, que atrelados aos interesses das elites de nosso país, definam em um processo viciado (com ausência de provas) a condenação de Lula e o seu impedimento de participar do processo eleitoral.

Essa luta que o SINTET-UFU convoca a categoria para construir tem um significado importante. Se trata de uma luta contra os movimentos da direita conservadora, reacionária, que odeia o serviço público, que odeia sindicatos, que odeia direitos sociais, que possuem ódio por políticas que foram responsáveis por retirar da extrema pobreza mais de 30 milhões de pessoas e de as que possibilitaram a população a ter acesso a bens de consumo. Lutamos contra esses movimentos da direita, que clamam por “civilidade” e “pessoas de bem”, mas que na prática querem a morte da população pobre, periférica, negra; ou que não toleram a divergência política, a mera existência de sindicatos ou até mesmo a manutenção de liberdades individuais. A luta contra a prisão de Lula nesse momento tem esse significado amplo!

Destacamos que se em 2017, lutamos com todas as nossas forças para derrotar a Reforma da Previdência que seria imposta por esse governo golpista, agora em 2018 precisamos lutar com todas as nossas forças para que essa frágil democracia que existe no Brasil não se desmanche completamente, e para que as eleições em 2018 sejam garantidas.

É importante lembrarmos que após o golpe de 2016, o governo ilegítimo de Temer acelerou e aprofundou o ajuste fiscal, com ataque ao direito de greve e congelamento salarial do funcionalismo, aprovação da reforma trabalhista, ampliação da terceirização, a imposição da emenda constitucional 95/2016 que provoca corte nos investimentos na saúde e educação entre vários outras medidas. Estamos vendo uma onda de violência crescer no país contra a população e contra as organizações de esquerda.

É preciso resistir. Todos os movimentos sociais, centrais sindicais e organizações políticas precisam construir um calendário unificado de lutas em unidade de ação. Nessa compreensão, o SINTET-UFU, cumprindo determinações aprovadas pela base no último CONSINTET, integra nesse momento o Comitê pela Liberdade de Lula que organizará diversas atividades e debates políticos na cidade de Uberlândia. Esse Comitê é composto por diversas organizações sociais, e no dia 13 de abril às 18h30min uma audiência pública no Plenário da Câmara de Vereadoras e Vereadores de Uberlândia. Em ambos os espaços, estaremos presentes construindo a luta em defesa de nossas liberdades democráticas e contra prisão arbitrária de Lula.

Convidamos todas as trabalhadoras e trabalhadores Técnicos Administrativos em Educação da UFU a realizarem essa reflexão, e a se somarem a luta em defesa de nosso futuro. Teremos melhores condições de lutarmos por uma sociedade mais justa e igualitária (lutar pela preservação de condições razoáveis de vida e de trabalho, pela possibilidade de conquistar melhorias salariais, de manter direitos históricos como a aposentadoria, ou mesmo a manutenção de uma UFU pública-estatal, gratuita e com qualidade); se conseguirmos derrotar esse golpe político que atravessa a conjuntura política do país, que em seu estágio atual prende injustamente o Lula e através dos grandes meios de comunicação, ameaça nesse momento de forma indireta a realização das eleições em 2018.

O seu direito de definir, legitimamente, pelo voto, o destino

do seu país, da sua cidade, da sua vida, está sob risco:

nossa luta é, e sempre foi, pela manutenção

dos seus direitos.

Coordenação Colegiada do SINTET-UFU
Uberlândia, 10 de abril de 2018

11 de abril de 2018