A luta contra as opressões dentro da universidade

Por Guilherme Gonçalves

Seguindo com o primeiro dia do XXVI CONSINTET-UFU aconteceu na tarde dessa segunda-feira, 27, o debate sobre a luta contra as opressões dentro da universidade. As debatedoras foram Mariana Lopes, coordenadora da FASUBRA e Maria Laura Pacheco, representante do movimento negro, já o debatedor foi Régis Rodrigues Elísio, representante da diversidade sexual. A condução da mesa ficou por conta de Maria Cristina Sagário.

O primeiro ponto de debate foi à luta contra o racismo dentro das universidades públicas brasileiras com Maria Laura Pacheco, que apontou dados históricos para a origem do racismo na sociedade brasileira. Em Uberlândia, negras e negros ainda são minoria entre as pessoas que possuem diploma de ensino superior.

Pacheco diz ainda que negras e negros ainda são vistos como estereótipos negativos, principalmente quando se trata de padrões de beleza em revistas, novelas e demais programas televisivos. “A negra e negro no Brasil precisam conviver diariamente com os estereótipos, a marginalização e a dificuldade de acesso a políticas públicas. E na busca pela igualdade de direitos surgiram ao longo da história diversos movimentos que buscam desenvolver políticas que tornem a sociedade mais justa”, disse a palestrante.

Para falar sobre a diversidade sexual Régis Rodrigues Elísio, primeiramente, abordou o significado da sigla LGBT. “A primeira coisa que precisamos saber é exatamente o significado da sigla LGBT, pois não podemos partir do pressuposto que todas as pessoas estão inteiradas desses significados importantes. Partindo disso, L é de lésbicas, o G é de gays, B de bissesuxais, e o T é de transexuais e travestis”, afirmou o palestrante.

Abordando a diversidade sexual, Elísio mostrou um dado alarmante sobre as opressões vividas pela comunidade LGBT. “Em 2017, 445 pessoas foram mortas em crimes de ódio contra LGBT’s e nesse caso, Minas Gerais é o segundo estado mais violento, sendo menos violento apenas que São Paulo. Esses dados nos mostram que falar sobre diversidade sexual é algo urgente”. Apesar do cenário ainda muito desfavorável, o palestrante não deixou de apontar alguns avanços que vão em direção de maior liberdade sexual e dignidade para a comunidade LGBT. “Grupos LGBT’s, mesmo com dificuldades, tem avançado em conquistas que vão em direção de maior liberdade sexual no país. A última delas foi à diminuição na burocracia para o registro do nome social”, completou.

Como última debatedora, Mariana Lopes iniciou sua intervenção com interessante dinâmica que apontou as opressões vividas diariamente por todas e todos, mas que nem sempre são notadas. A dinâmica consistiu em uma caminhada das participantes e dos participantes pelo anfiteatro, e a cada vez que uma frase ou situação opressiva era mencionada por Lopes, aquelas e aqueles que vivenciaram tais situações deveriam pegar uma pedra e continuar caminhando. O intuito era mostrar o quanto é difícil carregar na vida as pedras das opressões vividas.

Lopes apontou ainda a luta necessária na busca por uma universidade mais justa e sem preconceitos e opressões. “Nós estamos dentro de uma universidade que tem casos graves de estupro e racismo. Estamos em uma cidade com diversos casos de LGBTfobia e assédios. Os casos de estupros e assédios tem aumentado nas universidades públicas e é preciso modificar esse panorama. E algumas universidades tem avançado em políticas contra opressões. Algumas instituições tem criado ouvidorias especializadas que recebem denúncias, investigam e punem os crimes. Na Universidade Federal de Goiás (UFG), em apenas um semestre dois docentes foram demitidos após estuprarem alunas da instituição”, afirmou.

A palestrante finalizou apontando que a universidade pública precisa, além de punir as opressões, criar serviços de apoio às pessoas que sofrem opressões dentro da instituição.

27 de agosto de 2018