Nota em solidariedade aos trabalhadores/as terceirizados/as do HC UFU

O SINTET UFU vem a público manifestar a indignação frente à notícia de redução dos salários dos/das trabalhadores/as terceirizados/as que atuam em diversos setores do HC UFU. Após mais de um ano na luta diária contra a Covid-19, com exposição de suas vidas e de seus familiares ao alto risco de contaminação pelo vírus, o conjunto de trabalhadores/as do hospital recebeu tal notícia com espanto e revolta.

O HC UFU/Ebserh fez uma contratação emergencial de empresa terceirizada especializada em prestação de serviço, para substituir a empresa antiga que tinha um contrato de longo prazo com prorrogação por 60 meses mais um aditivo de 12 meses. Com essa contratação emergencial, as trabalhadoras e trabalhadores da empresa antiga foram demitidos e re-contratados pela nova empresa, por um período de seis meses, no entanto com salários bem menores do que recebiam anteriormente.

Dados apontam que os/as trabalhadores/as terceirizados/as têm piores condições de trabalho e estão mais expostos/as a riscos de acidentes, assédios e adoecimentos. Além disso, sabemos que nossos colegas  terceirizados/as já têm remunerações insuficientes para suprir o básico, considerando o constante aumento do custo de vida em nosso país. 

Diante desse cenário é importante levantar alguns questionamentos. O primeiro deles é: Qual a real necessidade do contrato emergencial firmado pelo HC UFU/Ebserh com a nova empresa terceirizada, o qual permitiu uma significativa redução dos salários, uma vez que o contrato com a empresa terceirizada anterior era de longo prazo? Ou seja, houve tempo suficiente para o HC UFU/Ebserh se organizar para uma nova licitação e não aplicar contrato emergencial. 

O HC UFU/Ebserh tenta justificar o contrato emergencial devido a carências estruturais e pelo fato da Ebserh não assumir diversos postos de trabalho, hoje ocupados por trabalhadores vinculados à Faepu, que serão encaminhados, infelizmente, para a terceirização. Porém, outro questionamento surge: apesar de reconhecermos que no HC UFU trabalhamos no limite, motivo pelo qual reivindicamos repetidamente a imediata reposição da força de trabalho, se foi realizada licitação para contrato emergencial, por que já não fizeram a licitação para contrato definitivo? 

Já em relação às vagas Faepu que não serão absorvidas pela Ebserh fica uma indagação: o contrato com a Ebserh foi assinado há um tempo considerável, bem como o concurso com o quantitativo de vagas. Ou seja, não era novidade para o gestor quais postos de trabalho seriam ou não absorvidos pela Ebserh. Dessa forma tal fato não inviabilizaria a abertura de licitação dentro dos prazos corretos para se evitar um contrato emergencial.

O fato é que tal ação da Universidade prejudicou diretamente centenas de trabalhadoras e trabalhadores terceirizados, que já sofrem com os vínculos precários. Lembramos ainda que segundo a Pesquisa do Emprego e Desemprego (PED), de 2018, o vínculo de trabalho terceirizado atinge de maneira majoritária mulheres negras, reforçando o caráter excludente da nossa sociedade, que rejeita ou dificulta oportunidades e acesso a direitos a essa parcela importante da classe trabalhadora que já sofre tanto já sofre em razão do machismo e racismo cotidianos. Ou seja, ataca-se o conjunto de trabalhadores do HC que mais sofrem com as condições objetivas da exploração do trabalho e das opressões.

Nos solidarizamos com essas trabalhadoras e trabalhadores e nos colocamos em seu apoio, tendo em vista que interessa aos poderosos nos dividirem em diversos vínculos trabalhistas para fragilizar a luta dos/as trabalhadores/as por direitos e melhores condições de vida. 

Embora nossa reivindicação seja a não terceirização dos postos de trabalho, com contratação via concurso de todos os trabalhadores do hospital, de imediato e de maneira emergencial solicitamos que o novo contrato (em processo de licitação) garanta a manutenção dos salários aplicados anteriormente.

O Sintet e os trabalhadores da UFU rechaçam a atitude da gestão Ebserh que não coaduna com o momento de pandemia que estamos vivendo e com os princípios básicos de moralidade e dos objetivos de uma Universidade pública.

 

Coordenação Colegiada

18 de maio de 2021