Nota para a sociedade e imprensa a respeito da greve dos Técnico-Administrativos da UFU

 

Os técnicos-administrativos da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), de todos os oito campi e dos hospitais de Clínicas, Odontológico, Veterinário e o Centro de Referência Nacional em Hanseníase e Dermatologia Sanitária (CREDESH), representados pelo Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições Federais de Ensino Superior de Uberlândia (SINTET-UFU), deflagraram greve nacional da categoria no dia 18 de março de 2024, por tempo indeterminado, para reivindicar ao governo demandas não atendidas nas mesas de negociações retomadas desde setembro de 2023. Outras carreiras conseguiram avançar suas propostas de negociação, contudo, nossa mesa específica foi reiteradamente ignorada e a proposta oferecida pelo governo para todos os servidores públicos federais não contempla os aposentados, pensionistas e um número significativo de servidores que não utilizam os auxílios oferecidos pela gestão federal. Não nos resta outra opção a não ser construir nacionalmente o movimento de greve. 

Nós, técnicos-administrativos, somos médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, analistas de tecnologia da informação, engenheiros, assistentes em administração, bibliotecários, copeiros, técnicos de laboratório, biólogos, biomédicos, farmacêuticos, intérpretes de libras e também temos vários outros cargos e formações. Estamos envolvidos em todos os processos dentro das universidades, somos nós que realizamos as matrículas, damos assistência às aulas em laboratório, fiscalizamos e fazemos a gestão de contratos, dentre inúmeras outras atividades. Para manter a universidade funcionando, trabalhamos continuamente durante todo o ano, inclusive durante os períodos de férias acadêmicas. Mantivemos os atendimentos durante a pandemia, realizando atividades essenciais em todos os oito campi, atendendo demandas de forma remota e mantendo o atendimento no Hospital de Clínicas da Universidade.

Nossas reivindicações têm como eixos centrais a reestruturação da carreira e a recomposição salarial. O Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação (PCCTAE) já possui quase 20 anos e necessita de atualizações para que possa atender às novas demandas da sociedade e das universidades. Ao longo desses 20 anos, diversos cargos foram extintos ou estão com concursos suspensos, diminuindo consideravelmente a força de trabalho nas universidades e obrigando as instituições a recorrerem à terceirização para repor a mão de obra em algumas atividades. Além disso, os técnicos-administrativos em educação acumulam cerca de 34,5% de perdas salariais no piso da carreira, uma vez que os últimos reajustes para nossa categoria aconteceram em 2016. Hoje, temos a pior remuneração do serviço público federal, apesar do importante papel que desempenhamos nas instituições federais de ensino. Nacionalmente, observa-se que o corpo técnico conta com capacitação superior à exigida para o ingresso nos cargos, com cerca de 86% da categoria possuindo graduação e 75% possuindo também pós-graduação. Por conta disso, as instituições enfrentam hoje um cenário de evasão de trabalhadores para outras carreiras mais atrativas, o que diminui a retenção de talentos e afeta diretamente a qualidade dos serviços prestados.

Além das pautas salariais, também são eixos nacionais de nossa greve a recomposição do orçamento das instituições federais de ensino e pesquisa, a paridade nas eleições para reitores, a reposição do quadro de vagas para servidores por meio de concurso público para todos os cargos, dentre outras.

Nossas reivindicações contam com o apoio de inúmeras reitorias e conselhos superiores das universidades, contamos também com apoio da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES). Além disso a proposta de “Reestruturação da Carreira e Recomposição Salarial dos Técnico-Administrativos em Educação (TAE) do PCCTAE das Instituições Federais de Ensino (IFE)”, ficou em terceiro lugar no ranking geral e primeiro lugar no ranking da educação dentro da consulta pública realizada em 2023 pela plataforma Brasil Participativo, para o Planejamento Plurianual do governo federal. A reestruturação das carreiras e a recomposição salarial são medidas necessárias para manter e elevar a qualidade dos serviços prestados, assim como evitar a evasão de trabalhadores qualificados para outras carreiras. A recomposição dos orçamentos das IFES é fundamental para manter e viabilizar todas as atividades da universidade. 

Nossa greve hoje conta com mais de 85% das áreas da Universidade aderidas à greve, impactando em todos os setores e serviços, como nas bibliotecas, na preparação de aulas práticas e atividades laboratoriais nos cursos de graduação, por exemplo. Unidades que nunca haviam paralisado suas atividades, agora aderiram consistentemente ao movimento de greve. No Hospital de Clínicas, no Hospital Odontológico e Hospital Veterinário seguem mantidos os atendimentos de urgência, emergência e de manutenção da vida por meio de escalas de urgência. No Hospital de Clínicas a porcentagem de técnicos em greve depende do serviço disponibilizado à população, tendo locais como a UTI, por exemplo, onde nenhum técnico pôde de fato aderir a greve. A fim de realizar um movimento responsável e amenizar os impactos para as comunidades interna e externa, estamos em permanente diálogo com a Administração Superior da Universidade e com a Superintendência do Hospital de Clínicas, além de direções de unidades acadêmicas e administrativas. Desde o início da greve, o Comando Local realizou reuniões diárias com órgãos e setores que nos procuraram para tratar da continuidade de serviços e tarefas consideradas essenciais. Algumas atividades continuam sendo atendidas por meio de escalas e plantões de atendimento, outras são avaliadas, coletivamente, com os trabalhadores paralisados, para que possam ser atendidas de forma emergencial quando necessário.

Reforçamos nosso compromisso com a sociedade, mantendo a abertura para o diálogo e esperando que nossas reivindicações sejam atendidas em breve, para que os serviços de qualidade prestados pelas Instituições Federais de Ensino, tanto no atendimento em saúde para a população quanto na formação de profissionais de diversas áreas, tenham continuidade.

 

Comando Local de Greve

3 de abril de 2024