NOTA SINTET-UFU SOBRE A GREVE DOS MOTORISTAS DO TRANSPORTE COLETIVO DE UBERLÂNDIA

 

O SINTET-UFU vem a público manifestar apoio à greve dos trabalhadores e trabalhadoras do transporte coletivo de Uberlândia.

Nos últimos dias testemunhamos a morte de 14 trabalhadores do transporte coletivo em função de uma política ineficiente de proteção ao trabalhador exposto ao risco de contaminação.

Não existe justificativa aceitável para o parcelamento de salários dos trabalhadores do transporte coletivo.

Não é possível mais assistirmos calados a utilização de recursos públicos para socorrer à iniciativa privada em detrimento da população.

É inaceitável assistirmos ao Prefeito de Uberlândia vir a público, na função de porta voz das empresas de transporte coletivo, fugindo de suas prerrogativas, tentar justificar esses atrasos, e pior ainda, tentar mais uma vez jogar as contas de uma má administração nas costas do povo.

O Prefeito não foi eleito pra isso, ele não foi eleito pra ser porta voz do empresariado Uberlândia. A confiança depositada nas urnas pela população de Uberlândia se apoiava na esperança de estar protegida, de ter melhores condições de transporte, de educação e de saúde,

Mas o que esperar de um Prefeito que exigiu dos profissionais da educação a volta às aulas presenciais, provocando o adoecimento e mortes de vários trabalhadores e trabalhadoras do ensino?

O que esperar de um Prefeito que se intimidou ao assédio do CDL e como um serviçal do mais baixo grau de autonomia determinou a abertura do comércio ignorando as recomendações da ciência e as consequências que isso poderia trazer à população?

O que esperar de um Prefeito que elegeu a melhor estrutura de saúde, de ciência e de ensino da região como sua inimiga pública número um?

Qualquer cidadão comum, por menor que seja sua formação, sabe que na precificação de um produto estão contidos os custos de produção e os impostos. No ramo de serviços, como o transporte coletivo, sabemos que nos custos de produção estão os salários dos trabalhadores. É muito claro, que no preço da passagem, tão benevolamente negociado com a prefeitura, está contido tanto o preço dos salários, quanto dos impostos a serem pagos. Onde foi parar esse dinheiro? Por que a empresa alega dificuldades financeiras pra pagar em dia os salários? Nós, usuários, já não o pagamos?

Onde foi parar o dinheiro dos impostos, embutidos no preço das passagens, se não foram repassados à Prefeitura?

Qual a justificativa da prefeitura continuar aportando recursos públicos a uma empresa devedora?

Por essas e outras devemos começar a nos perguntar: até quando?

Até quando vamos aceitar calados que justifiquem essa exploração de trabalhadores e joguem as contas em nossos bolsos?

Até quando vamos assistir ao Sr. Odelmo se comportar como serviçal dos empresários e da oligarquia de Uberlândia?

Até quando vamos suportar vendo cidadãos comuns, trabalhadores, morrendo nas filas dos hospitais sem o atendimento adequado?

Até quando a população de Uberlândia vai assistir calada o desespero de profissionais da saúde, exaustos, tentando salvar vidas sem as condições adequadas de trabalho?

A greve dos motoristas do transporte coletivo é o termômetro do abandono pelas autoridades públicas de uma política social séria de proteção a todos os trabalhadores e trabalhadoras, e ao cidadão Uberlandense.

A hora é de enfrentar e corrigir tudo que vem sendo construído nos últimos anos que privilegia a poucos em detrimento da maioria, que trabalha de sol a sol para manter essa cidade como uma referência estadual e nacional.

O SINTET-UFU entende como legítimo o movimento dos trabalhadores e trabalhadoras do transporte coletivo de Uberlândia, e apoia a iniciativa de defesa dos seus direitos e de suas vidas.

 

Coordenação Colegiada SINTET-UFU

8 de março de 2021