NOVAMENTE EM LUTO: ATÉ QUANDO?

 

O SINTET-UFU e a comunidade de trabalhadoras e trabalhadores do Hospital de Clínicas de Uberlândia vem a público comunicar o falecimento do servidor Joaquim Rafael de Andrade, de 60 anos, lotado no Laboratório de Análises Clínicas.

Joaquim, ou Kincas para os mais próximos, não era uma pessoa comum, era diferenciado. Com sorriso largo e uma alegria de viver contagiante era capaz de transmitir paz a quem estava do seu lado.

Com sua experiência de longos anos de atuação no laboratório e o seu jeito solidário de levar a vida, Joaquim representava a segurança dos trabalhadores mais novos diante de qualquer dificuldade no dia a dia.

Joaquim é mais um pai de família que se vai deixando um vazio nos seus. É mais um profissional da saúde que sucumbe frente a uma política burra, irresponsável e criminosa na forma de condução do enfrentamento da pandemia.

Joaquim é mais uma vítima da irresponsabilidade e do descaso das autoridades municipais e institucionais com os profissionais da saúde: faleceu por não ter recebido a proteção da vacina para atuar no enfrentamento ao COVID-19, mesmo depois de ter procurado o centro municipal de vacinação e relatado sua condição de trabalhador da linha de frente.

Assim como Joaquim, outros profissionais no HC-UFU e da rede municipal estão na linha de frente sem receber a imunização adequada e prevista nos protocolos de vacinação do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde.

Até quando vamos assistir a amigos e companheiros partindo, deixando essa lacuna, sem que alguma providência se tome, de fato, para proteger estes profissionais?

Até quando os Gestores da EBSERH e da UFU vão continuar fingindo fazer alguma coisa em favor desses profissionais enquanto nossos trabalhadores e trabalhadoras estão morrendo?

Até quando os Ministérios Públicos Federal e Estadual e a Procuradoria da Saúde vão assistir passivamente o massacre e o extermínio de cidadãos que dedicam o seu dia para atender à população em detrimento de sua saúde e de suas vidas?

À família de Joaquim, registramos nosso mais profundo sentimento de pesar pela perda.

Aos trabalhadores e trabalhadoras da área da saúde e, mais especificamente do HC-UFU, conclamamos que é hora de mudar isso: Se não nos enxergam com a importância que merecemos e não reconhecem nosso direito à vida, então não temos obrigação alguma de colocar nossas vidas em risco.

Ou a Gestão superior da UFU, a Superintendência do HC e o Prefeito de Uberlândia tomam uma providência concreta e rápida para proteger a todas e a todos os trabalhadores da saúde e do HC-UFU pela vacinação imediata, ou não nos colocaremos mais em risco. Permanecemos por um ano nos arriscando, uma vez que não sobrava alternativa para salvar vidas. Hoje o cenário é diferente: já temos uma vacina disponível, porém em Uberlândia o calendário de vacinação avança para outros públicos prioritários, sem antes ter imunizado os trabalhadores da linha de frente.

Por Joaquim, por nossas famílias e amigos, pelo direito à vida. VACINAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE, JÁ.

Joaquim, presente!

4 de abril de 2021