Paralisação de 02 de agosto em defesa da educação pública

Por Raissa Dantas

 

O dia 02 de agosto de 2017 ficou marcado no calendário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) como dia de paralisação e mobilizações em torno da defesa do financiamento estatal em educação pública e pelo Fora Temer. Como parte do calendário nacional de lutas tirado pela Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra), as técnicas e técnicos-administrativos em educação (TAE’s) da UFU interromperam suas atividades para construir atividades voltadas à reflexão sobre as perspectivas de financiamento da UFU. O dia ainda foi marcado por um ato simbólico, convocado pelo Comitê Regional Contra as Reformas da Previdência e Trabalhista, pelo Fora Temer, que fora julgado nesse dia.

O SINTET-UFU realizou debate sobre tais temas ao lado da Associação dos Docentes da Universidade de Uberlândia (ADUFU), Associação de Pós Graduandos da UFU (APG-UFU), Diretório Central dos Estudantes da UFU (DCE-UFU) e gestão superior da universidade, bem como do público composto pela diversidade de segmentos ali representado, que ocupou a sala de reuniões dos conselhos superiores na Reitoria da UFU.

Mário Guimarães Júnior, coordenador geral do SINTET-UFU, abriu o debate traçando um panorama do financiamento da educação pública brasileira e da UFU localizada frente ao contingenciamento de verbas. Além disso, reforçou a cobrança expressa no Ligeirinho Especial de Educação, lançado em Agosto de 2017, com relação à necessidade de uma posição efetiva da UFU em defesa do financiamento nas IFES, bem como o desagravo acerca da decisão antidemocrática da universidade em realizar cursos pagos em nossa universidade. Mário enfatizou que “a população precisa saber o que esse governo ilegítimo está fazendo com o ensino, pesquisa e extensão brasileira; quando a população chegar ao Hospital de Clínicas da UFU, precisa estar evidente a origem da falta de recursos, leitos e materiais”, assim demarcando a cobrança por esclarecimentos à população uberlandense, por parte da Reitoria da UFU, sobre a situação de crise financeira que a universidade tem enfrentado.

A atividade contou, ainda, com contribuições de Luiz Paulo Melo, presidente da APG-UFU, que destacou a importância de pós-graduandos estarem sintonizados com a luta contra o desfinanciamento das universidades públicas, que já impacta o cotidiano da pesquisa nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES). Ele também destacou a recente declaração do CNPq sobre o teto orçamentário e o risco de suspender o pagamento de bolsas e como isso é grave para a manutenção e qualidade das pesquisas. Luiz Paulo trouxe informações numéricas sobre impactos e cortes nas bolsas pagas pelo CNPq anualmente de 2015 a 2017, destacando que nas modalidades da pós graduação, houve uma recessão de mais de mais de 50% no número de bolsas ofertadas.

Renata Cardoso Martins, coordenadora geral do DCE-UFU, reforçou a importância da unidade entre segmentos para defender o financiamento público na educação, uma vez que o contingenciamento afeta todas e todos que vivenciam e constroem a UFU. Além disso, ela destacou a situação que têm passado as alunas e alunos que dependem da assistência estudantil para permanecer na universidade, que estão com atraso de bolsas há mais de 2 meses.

Jorgetânia Ferreira, presidenta da ADUFU, saudou o SINTET-UFU pela paralisação e destacou o protagonismo do Sindicato na construção de mobilização no emblemático 02 de agosto, marcado pelo julgamento e absolvição do ilegítimo presidente Michel Temer. Ela refletiu sobre as tantas derrotas que a classe trabalhadora tem enfrentado, sobre o contexto de crise na UFU e sobre a necessidade de fazermos algo frente a esse cenário, partindo de organização e unidade. Jorgetânia destaca que “sabemos que tem jeito, sim, pra resolver essa crise, uma vez que metade do orçamento público é gasto para pagar a dívida pública, precisamos virar o jogo, mudar esse cenário, eleger representantes que expressem outras prioridades, como no investimento em direitos sociais”.

Por fim, Miguel Ângelo Oliveira, diretor de orçamento da UFU, afirmou posicionamento da Universidade em dar transparência orçamentária e criticou os cortes impostos pelo governo federal. Ele explicou como o contingenciamento afeta e dificulta a gestão da universidade. Após sua fala o público levou intervenções que qualificaram ainda mais o debate, além de questionamentos que foram esclarecidos por ele ao final das contribuições.

Ao final da atividade o SINTET-UFU e as demais entidades ali presentes firmaram compromissos futuros em construção de enfrentamento às políticas neoliberais que vem sendo apresentadas como solução para a crise. Autodenominadas de G4 de Uberlândia (em contraposição ao G7 da cidade, composto pelo empresariado, ruralistas e políticos), as entidades representativas dos segmentos de TAE’s, docentes, estudantes e pós-graduandos assinaram e protocolaram um ofício na Reitoria que diz respeito à realização de Assembleia Universitária Unificada, que ocorrerá em 05 de setembro às 18h30 no Centro de Convivências do campus Santa Mônica da UFU.

Posterior às atividades de debate, os presentes endossaram o coro pelo Fora Temer em ato simbólico convocado pelo Comitê Regional Contra as Reformas da Previdência e Trabalhista.

3 de agosto de 2017