Paralisação setorial cobra posicionamento do reitor sobre a flexibilização da jornada de trabalho

Durante dois dias trabalhadoras e trabalhadores reivindicaram explicações do reitor sobre as 30 horas. (Imagem: Osmam Martins)

Por Guilherme Gonçalves e Osmam Martins

Devido à demora do reitor, professor Valder Steffen Júnior em publicar portaria que implementa a flexibilização da jornada de trabalho em turnos contínuos, popular 30 horas, funcionários de quatro setores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) paralisaram suas atividades nos dias 6 e 7 de junho. Trabalhadoras e trabalhares do Sistema de Bibliotecas, Hospital de Clínicas (HC), Hospital Veterinário e Hospital Odontológico, os dois últimos endossaram a luta por terem documentação avançada junto à Comissão de Jornada de Trabalho (CJT), aprovaram a paralisação em assembleia realizada no dia 30 de maio.

Durante dois dias, funcionárias e funcionários de quatro setores da UFU paralisaram suas atividades e se manifestaram no saguão de entrada da Reitoria da universidade, no campus Santa Mônica. O motivo da manifestação é a demora do reitor da instituição em publicar a portaria que permite a implementação da jornada de trabalho de 30 horas para técnicas e técnicos-administrativos em educação das Bibliotecas e do Hospital de Clínicas. A documentação dando parecer favorável foi protocolada pela CJT em março, porém, dois meses depois, o reitor ainda não publicou a portaria implementando a decisão.

Palestra sobre gestão do tempo

Para iniciar as atividades de manifestação houve a palestra “Gestão eficaz do tempo” com a Master Coach, Sílvia Nascimento. Na palestra, a coach mostrou aos presentes como gerir melhor o tempo de trabalho, aumentando assim seu rendimento.

Master Coach fez palestra para ensinar os presentes a gerirem o tempo. (Imagem: Guilherme Gonçalves)

Cine Debate com o filme ‘Tempos Modernos’

Durante a tarde de terça-feira, primeiro dia de atividades da mobilização em favor da flexibilização da jornada em turnos contínuos, o SINTET-UFU apresentou o filme “Tempos Modernos”, de Charlie Chaplin, para discutir as relações de trabalho e o cotidiano dos funcionários que reivindicam a flexibilização da jornada em 30 horas.

Antes da exibição do filme, alguns trabalhadores e trabalhadoras presentes se inscreveram para análise de conjuntura e fazer o anúncio de informes locais e nacionais, além do som da bateria do SINTET-UFU marcar presença no saguão principal da reitoria.

Durante a tarde do primeiro dia, trabalhadoras e trabalhadores assistiram ao filme Tempos Modernos de Charlie Chaplin. (Imagem: Osmam Martins)

Palestra “Impactos da Reforma da Previdência no Serviço Público”

Iniciando o segundo dia de manifestação, foi realizada uma palestra sobre os impactos que a Reforma da Previdência pode trazer para a vida das servidoras e servidores públicos. O palestrante foi Alexandre Igrecias, assessor político do SINTET-UFU que fez um resumo geral da proposta feita pelo governo federal.

De acordo com ele, o Brasil possui milhares de regimes próprios de previdência, o que significa um amplo mercado. “Atualmente existem 2115 regimes próprios de previdência social no Brasil, e isso é um mercado extraordinário, o que chama a atenção do sistema financeiro privado”, afirmou Igrecias. Ainda segundo o palestrante, é justamente para atender aos interesses do sistema financeiro que a Reforma da Previdência foi proposta. “Por ser um mercado rentável e para atender aos interesses do mercado financeiro, foi proposta a Reforma Previdenciária”, disse.

O assessor político mostrou ainda algumas mudanças que ocorrerão caso seja aprovada a Reforma da Previdência. Mudanças que afetam diretamente a classe trabalhadora que terá que pagar por uma crise que não foi criada por ela. Dentre as mudanças está a idade mínima de 65 anos de idade para homens e 62 para mulheres, sem garantia de aposentadoria integral nessa idade. Se aprovada, a reforma afetará ainda os critérios para aposentadoria por invalidez e proibirá ainda a acumulação de benefícios, como por exemplo a aposentadoria e a pensão.

Assessor político do SINTET-UFU fez um resumo dos impactos da Reforma da Previdência no serviço público. (Imagem: Guilherme Gonçalves)

Assembleia Setorial

Para encerrar os dois dias de paralisação, foi realizada na tarde do dia 7 uma assembleia setorial com as trabalhadoras e trabalhadores. A pauta da assembleia foi: informes, avaliação da paralisação e encaminhamentos. Foi formada uma comissão que se dirigiu até o gabinete do reitor para convidá-lo a comparecer a assembleia e explicar os motivos pelos quais ainda não publicou a portaria implantando às 30 horas nas Bibliotecas e no HC.

Após pequena reunião com a comissão, o reitor aceitou o convite e compareceu a assembleia acompanhado do Chefe de Gabinete, professor Clésio Xavier, e do Pró-Reitor de Gestão de Pessoas, professor Márcio Magno. De acordo com o Valder, a demora se deve a espera de um posicionamento da Procuradoria Geral da UFU, que se posicionou apenas na semana passada. Outro motivo que segundo ele atrasou o processo foi à ação civil pública do Ministério Público Federal que o fez tratar o assunto com mais cautela.

O reitor justificou ainda a demora na publicação da portaria como uma precaução para evitar problemas a ele, a UFU e uma tentativa de evitar retrocessos no futuro. Após suas explicações, tanto Valder, quanto Márcio Magno e Clésio Xavier responderam questionamentos dos presentes.

Reitor Valder Steffen Júnior, o Chefe de Gabinete Clésio Xavier, e o Pró-Reitor de Gestão de Pessoas Márcio Magno explicaram os motivos da demora na publicação da portaria. (Imagem: Osmam Martins)

8 de junho de 2017