A médica Zilda Arns se tornou conhecida mundialmente como fundadora da Pastoral da Criança, organismo de ação social e cunho religioso, cujo objetivo era reduzir a taxa de mortalidade infantil nos grandes bolsões de miséria. Após um ano de atuação da Pastoral em Florestópolis, o número de crianças que morriam de diarreia e desnutrição antes de completarem cinco anos a cada 1000 que nasciam, caiu de 127 para 28.
Tamanha eficiência foi resultado do trabalho de pessoas voluntárias da própria comunidade, organizadas em uma rede de solidariedade ativa amparada por Zilda e sua assessoria que aliavam o conhecimento científico ao popular para melhorar a vida das crianças. A capacitação e o empoderamento das mães e demais lideranças comunitárias interessadas na saúde e desenvolvimento de suas crianças estimulou as famílias carentes a adotarem medidas simples, acessíveis e de comprovada eficácia na redução da mortalidade infantil como: o soro caseiro, o incentivo à amamentação, a orientação dietética a partir da utilização de alimentos de alto valor nutricional e abundantes na região, dentre tantas outras que acabaram beneficiando, além das crianças, outros membros vulneráveis das famílias, como as gestantes e os idosos. Essa iniciativa deixou marcas em todos os estados brasileiros e em países da África, Ásia, América Latina e Caribe.
Sob a liderança de Zilda, a Pastoral da Criança ultrapassou os limites religiosos e assistencialistas, comuns aos organismos vinculados às Igrejas, mostrando que ações conscientes e coletivas levam as pessoas a realizarem suas próprias transformações. Ela faleceu em 2010 no terremoto que devastou o Haiti durante uma missão para organizar a Pastoral da Criança no país.
15 de junho de 2020
