SUS e EBSERH são debatidos em congresso de TAE’s

As privatizações na saúde pública uberlandense pautaram o debate. (Fotos: Guilherme Gonçalves)

Por Guilherme Gonçalves

O futuro da saúde pública foi debatido no XXVI CONSINTET-UFU – Paulo Henrique Rodrigues dos Santos na tarde dessa terça-feira, 28, segundo dia de congresso das técnicas e técnicos-administrativos em educação da UFU. Os debatedores foram José Veridiano de Oliveira, conselheiro municipal de saúde, e Carlos Monteiro, assessor técnico do SINTET-UFU. Além da debatedora Maria Angélica Melo e Oliveira, professora do curso de enfermagem da universidade. O debate foi mediado pela Coordenadora de Assuntos de Fundações do sindicato, Fernanda Rosa dos Santos.

O conselheiro municipal de saúde, José Veridiano de Oliveira, iniciou o debate mostrando a importância do sistema público de saúde. “O SUS é a única política pública totalmente inclusiva do Brasil. Foi uma conquista dos movimentos sociais e da classe trabalhadora e esse modelo de saúde brasileiro, mesmo com todos os problemas é elogiado por especialistas do mundo todo”, afirmou o conselheiro.

Veridiano complementa apontando o processo radical de mudança no sistema de saúde do país. “Fiquei dois anos afastado do Conselho Municipal de Saúde, e quando voltei me assustei com as mudanças radicais implantadas no sistema de saúde brasileiro nesse período com enorme perda de qualidade. Boa parte das cidades tem entregado a administração da saúde pública às organizações sociais, refletindo na interação entre administradores e trabalhadores, prejudicando a qualidade do serviço prestado”, finalizou.

Em seguida, Maria Angélica Melo e Oliveira, professora do curso de enfermagem da UFU apontou como os processos de terceirizações na saúde pública uberlandense tem avançado e transformado o sistema em comércio. “Em Uberlândia, há um processo de terceirização. Num mesmo período a UFU aderiu a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) e o município assinou contrato com a Associação Paulista para Desenvolvimento da Medicina (SPDM), isso sem contar as organizações sociais que já administravam outra parte da saúde pública da cidade”, disse a docente.

A professora apontou ainda que o próprio órgão público que deveria zelar pelo bem estar da população e pela qualidade do serviço de saúde gratuito tem buscado o caminho da terceirização. “O próprio Ministério da Saúde que deveria cuidar e desenvolver a saúde pública brasileira tem estimulado a privatização da área. Não é a toa que temos uma expansão de farmácias, planos de saúde e laboratórios particulares”, apontou.

Oliveira apontou uma saída para que o sistema público de saúde consiga se desenvolver e aumentar sua qualidade. “Enquanto aqueles que realizam o trabalho cotidiano na saúde pública não tiverem direito a voz na administração e desenvolvimento do sistema, a saúde pública tende a continuar com dificuldades. É preciso ouvir as trabalhadoras e trabalhadores que constroem diariamente o sistema de saúde”, terminou.

Para finalizar o debate, o assessor técnico do SINTET-UFU, Carlos Monteiro focou na adesão da Universidade Federal de Uberlândia à EBSERH, seus altos custos e o impacto para as trabalhadoras e trabalhadores do Hospital de Clínicas da UFU. “O Conselho Universitário votou em uma reunião irregular a adesão a EBSERH. Muitas conselheiras e conselheiros aprovaram a EBSERH sem nem ao menos conhecer o HC. O custo da transição administrativa da UFU para EBSERH será de R$ 137 milhões, que segundo a reitoria será custeada em parte pelo Ministério da Educação, mas com a Emenda Constitucional 95 é difícil acreditar”, apontou.

Monteiro completou mostrando que o hospital da UFU tende a perder o foco na humanização e atenção do atendimento e indo em direção ao mercantilismo da saúde. “O plano de transição UFU/EBSERH é claro ao dizer que o sistema administrativo será empresarial e aí, adeus à administração voltada para o bem estar da população. A EBSERH é clara ao afirmar que o seu foco é o lucro e não o atendimento humanizado”, finalizou.

Após o debate, as participantes e os participantes do congresso puderam apresentar seus pontos de vista e fazer questionamentos aos debatedores e a debatedora. O XXVI CONSINTET-UFU – Paulo Henrique Rodrigues – continua amanhã com a mesas “100 anos da Reforma Universitária de Córdoba e o papel de TAE’s na construção da UFU” às 9 horas da manhã; a prestação de contas às 14 horas e os grupos de trabalho às 16h.

28 de agosto de 2018