XXVII CONSINTET-UFU: Análise Nacional de Conjuntura

Por Lorena Martins

A tarde do primeiro dia do XXVII CONSINTET-UFU foi marcada por uma análise nacional de conjuntura. A mesa, mediada pela coordenadora geral do sindicato, Elizete Mendes Rosa, se iniciou às 14h30 e contou com a presença da professora Jorgetânia Ferreira e do advogado e historiador, Gilberto Neves.

Neves articulou uma linha do tempo explicando os acontecimentos a partir do golpe de 2016, que destituiu a presidenta eleita, Dilma Rousseff, do poder. De acordo com sua análise, esse fato seguido da prisão de Lula, foram fatores que faziam parte de um esquema para que chegássemos ao atual contexto político, com Bolsonaro no poder. Neves observa que os ataques diretos à classe trabalhadora se iniciaram no governo de Temer e se agravaram com Bolsonaro. Atualmente, o governo também é marcado pela constante ameaça à educação pública, além da desmoralização da ciência e do debate proporcionado pelas universidades. Para o historiador, “a luta sindical tem que ser uma luta de resistência em defesa da universidade pública e, ao mesmo tempo, ligada às outras causas”. Neves acredita que é preciso convencer a população da ameaça que esse governo representa aos nossos direitos.

Jorgetânia corrobora com a análise de Gilberto Neves sobre a questão do golpe, compreendendo que a justiça no Brasil nunca foi imparcial e também não está do nosso lado. Além da luta contra as prisões injustas, como a de Lula, é necessário entender que a justiça em nosso país tem lado definido, o do capital. A docente também acredita que “a nossa aliança tem que ser com os movimentos sociais e com os lutadores”. Em sua opinião, “vivemos em um tempo em que os trabalhadores não são mais controlados somente pelo relógio, pois hoje não se separa mais a vida do trabalho (…) além de controlar o nosso tempo, o capital também controla nossos sentimentos”, reitera. De acordo com Jorgetânia, estamos na era da depressão e aumento do número de suicídios, fatores que estão, muitas vezes, ligados à falta de estabilidade do trabalhador. A professora ressalta que o contexto político atual é de desmonte, bem como “imposição de um modelo de estado moldado pela família tradicional brasileira” e desmoralização da educação e universidades. A professora finaliza sua fala relembrando a figura de Marielle Franco.

Gilberto resgata a fala de Jorgetânia, quando a professora afirma que o judiciário brasileiro sempre estará do lado do capital, destacando que, apesar disso, é necessário lutar para que a justiça passe a agir de acordo com a constituição, sem ter um lado definido.

Os presentes tiveram espaço para fazerem falas, proporcionando um rico debate. Alexandre Igrecias, assessor do SINTET-UFU, abordou questões como o desmatamento, invasões de reservas indígenas e até mesmo assassinatos de índios, uma realidade que parece estar longe de nós. Para Igrecias, o período também é marcado pelo desmonte da educação e serviço público, setores que passam, ainda, por uma desmoralização por parte do governo. De acordo com o assessor, “temos que começar a refazer o trabalho de organização, nos desarmando e buscando nos unir, pois é avançando em pequenas vitórias em nossos locais de trabalho que começamos uma mobilização”, salienta.

Mário Guimarães Júnior acredita que 2020 será um ano difícil e repleto de enfrentamentos. De acordo com o coordenador, para superar o governo atual e todos os retrocessos que ele representa,  é preciso que milhões de pessoas ocupem as ruas pelos próximos anos.

Durante a atividade, uma das questões levantadas foi justamente a relevância dos espaços de debate propiciados pelo sindicato, como o congresso ordinário, por exemplo. É a partir das discussões decorrentes dessas atividades que estratégias de luta são formadas.

 

9 de dezembro de 2019