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8M e a vida de Ismene Mendes | 05 de março de 2025 | Fala SINTET-UFU

(Naiara) Olá, companheiras e companheiros, aqui é a Naiara Ashaia, e nesse Fala SINTET-UFU a gente conversa sobre o 8M e a história de Ismene Mendes. Sintonize suas lutas.  


No Brasil, o 8 de Março não é apenas um dia de homenagens, mas um marco na luta por direitos. Desde o início do século XX, as mulheres brasileiras enfrentam desafios para garantir melhores condições de trabalho, igualdade salarial e o reconhecimento de seus direitos na sociedade.


Neste ano, o ato unificado relembra a história de Ismene Mendes e de tantas outras mulheres que, com coragem e determinação, enfrentaram desafios para garantir os direitos que temos hoje. Mas a luta continua. A mobilização das trabalhadoras segue essencial para garantir a igualdade, melhores condições de trabalho e o fim da violência de gênero.


Para falar sobre o tema, convidamos Gilberta Maria Pires, Técnica em enfermagem, mestra em bioética pela UFU lotada no Laboratório de Segurança Do Trabalho na Escola Técnica de Saúde, e coordenadora da pasta de políticas afirmativas do SINTET-UFU. Oi, Gilberta!


(Gilberta) Há muitos anos já se fala em mudar o nome da Praça Tubal Vilela para Ismene Mendes. Vários coletivos sociais, sindicatos de classe, inclusive o SINTE-UFU, já promoveram ações e manifestações para que a Prefeitura Municipal de Uberlândia acolha essa iniciativa.


Por um lado, temos o réu confesso, que é o nome da atual praça do centro de Uberlândia, Tubal Vilela, por ter assassinado sua mulher grávida de seu terceiro filho por desconfiança de uma suposta traição. De acordo com historiadores, Tubal Vilela respondeu por um processo, mas foi absolvido, pois na época o Código Penal não incriminava quem cometesse um homicídio sob forte emoção.

Então a ideia surgiu no mês de março, que é celebrado o Dia Internacional da Mulher, mas que já foi pauta de várias manifestações em Uberlândia. 


E por que Ismene? Ismene Mendes nasceu no dia 29 de janeiro de 1956 na zona rural de Patrocínio, Minas Gerais. Filha de trabalhadores rurais, seu pai era sindicalista e ela sempre o acompanhou nas atividades do movimento. Ajudou a fundar o sindicato dos Trabalhadores Rurais de Patrocínio em 1979. Mudou-se para Uberlândia para estudar direito e quando concluiu, retornou a Patrocínio tornando-se assessora jurídica do sindicato.


Ismene era considerada por todos à sua volta como uma pessoa honesta, corajosa, com bom senso de justiça. Por isso não mediram esforços para defender os direitos dos trabalhadores. Os moradores da cidade chegaram acreditar que ela era algum tipo de advogada remunerada pelo governo, porque ela sempre estava à disposição para auxiliar em seus problemas.


Em 1982 foi eleita vereadora em sua cidade, embora não acreditasse que essa era sua vocação. O fez porque foi convencida e incentivada pelos companheiros de luta. Ismene atuou durante os anos da ditadura civil-militar e era constantemente ameaçada. Em 1985, foi levada para uma emboscada, rendida por homens encapuzados, foi espancada e abusada.


Ela denunciou a agressão, mas foi desacreditada pelas autoridades e acusada de simular seu próprio espancamento e estupro. Em outubro de 1985, segundo o inquérito da época, Ismene foi encontrada pelo seu patrão agonizando depois de ter cortado os pulsos e ingerido veneno. Foi construída então uma narrativa de que ela tinha problemas que a atormentavam e por isso se suicidou. A família e conhecidos nunca acreditaram nisso. 


A verdade sobre a perseguição e assassinato político de Ismene só foi estabelecida em 2018 a partir do relatório da Comissão Regional da do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, que inclusive foi batizada com seu nome. 


Então, nesse mês de março, não poderemos nos esquecer da luta de várias mulheres para que pudéssemos ser ouvidas e acreditadas. O Brasil hoje é um dos recordistas de feminicídios no mundo. De acordo com o site do governo, a cada 6 horas, uma mulher é assassinada no Brasil. Em relação ao perfil étnico-racial, há uma prevalência de mulheres pretas e pardas entre as vítimas, 61,1%. Já 38,4% são brancas e 0,3% amarelas ou indígenas.


Os autores da violência são 73% dos crimes cometidos foram de um parceiro ou ex-parceiro íntimo da vítima, 11% das vítimas foram assassinadas por familiares, 8% de autores desconhecidos e 8% dos casos foram perpetrados por outros conhecidos. E isso precisa acabar. 


Um abraço e até mais.


(Naiara) Muito obrigada, Gilberta. E neste sábado haverá um ato do 8M unificado na praça Ismene Mendes com início marcado para às 9 da manhã. Nas redes sociais do SINTET-UFU você confere as pautas!

E esse foi o FALA SINTET-UFU dessa semana! Ótima semana a todas e todos e até o próximo programa!


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Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos
em Instituições Federais de Ensino Superior de Uberlândia.
Fundado em 22 de Novembro de 1990

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